27.3.07

Há mais na vida de um biólogo do que ratos.

Dizem que todo biólogo tem sua cota de ratos para matar. Seja fazendo experimentos em um laboratório, seja desratizando algum lugar. Também há a parte de controle agronômico, experimentos de comportamento, feitura de vacinas e exames de inoculação. Eu sou diretamente responsável pela morte de milhares de ratos, através das mãos de uma equipe e mais uns tantos que serviram de alimento a aves de rapina, lagartos, tartarugas carnívoras, jacarés, cobras e urubus, mas não só bichos estranhos. Raposas, cachorros do mato, gatos-maracajá/palheiro/do mato/pescador, tudo come roedor.

Por isso eles reproduzem tanto. Já pensou sustentar essa filharada toda? Ou manter a espécie sem essa filharada?? Mas ratos são dignos de admiração por vários aspectos. Nada que não se possa superar quando pensamos no quão pestilentos eles podem ser fora do biotério.

Mas há mais na vida de um biólogo do que ratos.
Boa parte de tudo que se faz para defender a vida nesse planeta passa por superar os instintos mais baixos, vis e imbecis dos humanos. Explicar que não se come uma espécie em extinção. Que florestas são necessárias para a correta manutenção dos níveis ambientais equilibrados de nossa sobrevivência. Que não se trafica sagüi para que uma criança apalermada e mimada possa ter um brinquedo, a ser jogado fora quando der sua primeira mordida apavorado com aquilo tudo.

Pensando bem, prefiro ratos. A gente ensina uma vez, e eles aprendem. A gente sabe o que eles vão fazer, e nunca, mas nunca mesmo, eles serão ignorantes abaixo da média dos outros ratos. E mais ainda, eles não destroem por luxo.

Há mais na vida que lidar com esses seres sinistros, os humanos?

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