15.5.08

Melissa


Melissa officinalis é o nome de uma erva medicinal comum, popularmente chamada de erva-cidreira, ou de melissa mesmo.
"Diz a lenda que a melissa recebeu este nome em homenagem à ninfa grega Melona (em grego "Mellona"), protetora das abelhas. E a relação da planta com as abelhas é realmente muito interessante: na primavera, quando nascem várias rainhas numa mesma colméia, o enxame se divide em vários menores e cada um sai em busca de uma nova colméia. Como a melissa tem o poder de atrair as abelhas, povos antigos colocavam suas folhas frescas trituradas em colméias vazias para atrair os enxames que estavam migrando" (extraído do site jardimdasflores.com.br).

Lá em algum lugar do passado distante, antes da era dos antibióticos ou hoje, quando eles são caros demais para a maioria e desnecessários para os comuns dos casos médicos caseiros, a melissa e dezenas, centenas de suas amigas medicinais abasteciam as boticas, jardins, hortas e memórias de nossas avós e avôs. Há plantas para tudo: de pedra no rim a vírus desconhecidos, de frieira a bicho de pé. E há as receitas com carvão, mel, gordura animal, pós e muitas outras substâncias que fazem os farmacêuticos comuns se arrepiarem e os pesquisadores sorrirem pela chance de um novo princípio ativo.

Claro, a medicina popular precisa ser salva, recuperada, disseminada e voltar a ocupar o lugar merecido pelos séculos de experiências dos nossos antepassados, mas aí encostamos em uma barreira de superstição, preconceito e falta de avôs pacientes o bastante para dizer aos cientistas como se faz o chá para curar dor no joelho e asma.

E não tem cabimento voltar a prescrever testículos de boto cozidos para impotência, mesmo na remota possibilidade de que funcionasse. Existe viagra, que não mata nenhum cetáceo para ser produzido. E podemos usar o antibiótico da vez sem abrir mão do chá de alho com limão e guaco, e vice-versa.

Diz a crônica (mitologia?) científica que uma planta usada por índios do Pará por milênios para curar diversas viroses inespecíficas começou a ser estudada por, para variar, um grupo de cientistas estrangeiros. Potencialmente, era o maior anti-viral conhecido. Quando o grupo foi colher a planta para dar continuidade aos estudos e começar os protocolos de descoberta do princípio ativo, uma queimada destruiu o único lugar onde esta planta era encontrada. Hoje, milhares de hectares de floresta estão nas mãos de interessados em recursos medicinais de nossas matas.

E pedimos as bênçãos de Mellona para um dia a tal da planta ser reencontrada. E assim possamos dar alento a pacientes de dengue, HIV, ebola e tantas outras...