5.8.10

Onde os fracos não tem vez (2º parte).

O título do filme oscarizado é melhor do que o final do mesmo (é um PUTA filme... até seus dez minutos finais), e de novo serve como título de uma postagem anti-fraqueza.

Vai estrear o mais-do-que-esperado filme novo de Sly (para quem não esteve no planeta cinema recentemente, Sly = Silvester Stallone). O seu longa "Os mercenários" reúne a nata da pancadaria (com direito a participações especiais de Schwarzenegger e Bruce Willis) para fazer um novo filme dos anos 80: Bando de durões com armas gigantes lutando contra um país emulado de Cuba.

É, essa é a trama. Uns mil filmes usaram-na naqueles longínquos tempos de guerra fria. É de espantar que os americanos ainda tem medo dos ditadores da América Latina, agora repaginados como Chávez e Zelaya. Estamos em uma nova fase de horror ao comunismo ou é impressão minha?

Pancadarias cinematográficas a parte (E o comentário mercadologicamente infeliz de Stallone sobre o Brasil, onde filmou, que se dane. Provavelmente alguém deve ter oferecido a ele um sagui por preço de banana como qualquer ambientalista sabe que é comum acontecer pelo país) o filme destila todos os preconceitos machistas, americanóides e militares já zoados tantas vezes, e certamente o filme não deve se levar a sério. É de bom tom lembrar que Stallone não é nenhum idiota (ele já foi indicado ao Oscar bem mais do que você supõe, e suas escolhas por um tipo de filme mais raso não tem nada de ingênuo. Pelo contrário, serviam a um objetivo político bem claro). Deve ser divertido, como sempre foram os filmes de pancadaria da época.

Há uma nova onda classemédia/paga-pau-neoliberal/preconceituosa contra a esquerda no mundo. Desde a crise econômica mundial, que abalou a idéia de que o mundo ia bem, obrigado do jeito que estava, e do sucesso de países governados de modo não-alinhado com a idéia de capitalismo modelo americano (Os países do BRIC em especial)que ficou cada vez mais evidente um movimento de desqualificação dos princípios que escapem ao conservadorismo político à americana.

Isso se reflete em gente que nunca pôs os pés em uma favela e acha que devemos explodir todas. Que acha que fome, desemprego e maus-tratos a crianças e animais acontece por que "aqueles outros, os pobres" são criaturas inferiores. São aquelas pessoas que querem criar leis que proíbam mendigos de ter cachorro, acabem com iniciativas de tirar gente da miséria absoluta às custas de impostos e que não votam em partidos verdes por que acham que verde e vermelho são cores muito parecidas entre si.

Isso só reflete o básico: não existe mais esquerda ou direita. O principal partido da oposição ganhou votantes de direita tendo em seu próprio nome princípios de esquerda, mas rodou e rodou para cair no colo do partido que foi a situação na ditadura dos anos 70. O partido da situação ignora que seu nome deveria incluir trabalhadores que pagam imposto demais por serviços de menos e que seu maior aliado já nada mais tem da oposição que lutou por uma nova constituição e por diretas já nos 80.

Stallone veio ao Brasil, explodiu tudo em uma ficção, disse que aqui oferecem um macaco e sorriem quando você faz isso e vai ganhar uma grana com as bilheterias daqui.

Agora, nós devemos questionar por que no país dele terroristas explodem tudo de verdade, fizeram com que seus habitantes votassem em um homem das cavernas a mando de empresas privadas por dois mandatos consecutivos (e cujo sucessor está sendo crucificado por lutar contra estas mesmas empresas, vide o vazamento de petróleo no golfo do México) e mesmo com tudo isso ainda mandam a economia mundial pro inferno mesmo sem gastarem um tostão ajudando o próprio povo a terem saúde gratuita ou promovendo a recuperação financeira de quem precisa, mas torrando milhões para salvar bancos, montadoras e seguradoras.

Quer saber? Se fosse o Chuck Norris, ele tinha sozinho destruído a ditadura, ganhado a mocinha, recriado a ordem econômica mundial, oferecido saúde gratuita e comida para o mundo todo, acabado com a devastação florestal e ainda dado um pau em um asteróide gigante cheio de aliens que estava em rota de colisão com a Terra.