20.11.10

Jaws!

Já estou de volta ao Brasil há um mês, e desistira de postar coisas enquanto estava lá na África do Sul por conta da terrível conexão das lan-houses de lá.

Mas para terminar o show, claro que pelo menos mais duas postagens precisam ser feitas além dessa.



Bom, meus fins de semana eram extremamente importantes pois permitiam fazer as grandes coisas. Na semana, com aula o dia inteiro, não sobrava tempo para nada. No FDS entre 24 e 26 foi algo a mais, quando veio um feriado! E caiu em uma sexta feira, olha que maravilha. O feriado, Heritage day, é algo equivalente ao dia de ação de graças americano no espírito, mas de significado único: é o dia de celebrar as heranças culturais, naturais e espirituais da Terra deles, e é apelidado carinhosamente de "Braai day". Braai, no linguajar sul-africano, é churrasco!

E no Braai day, uma das professoras levou 4 diletos alunos para passear pelas vinícolas!

As vinícolas sul-africanas tem MUITO a ensinar para a pobre região dos vinhedos gaúchos. Todas são preparadas para receber turistas por um preço justo, com atendimento de primeira e elegância na medida certa.

E muitas destacam-se pela responsabilidade além da qualidade dos vinhos. A primeira que visitamos, Spiers (guardem esse nome, e tomem-no quando puderem) sustenta um projeto de reabilitação de aves de rapina e outro de recuperação de guepardos!

Dá pra imaginar que eu não liguei para os vinhos...

Toda a região vinícola de Stellenbosch deve sustentar metade do país com suas exportações de vinhos, seu turismo que atrai gente do mundo todo graças a eles e a suas paisagens fantásticas e seu comércio de alta classe consistente.

Mas isso não foi o principal do FDS. No dia seguinte, fui ver tubarões brancos em Gaansbai, a meca do grande branco.
Há uma imensa polêmica acerca dos mergulhos com tubarões brancos. Uma de minhas professoras insistia para que eu não fizesse o mergulho de forma alguma pois a atividade fazia com que os tubarões supostamente relacionassem a presença humana com comida (a isca de caldo de peixe deve atrair tubarões de todo o hemisfério para o barco) e isso estaria aumentando o número de ataques a humanos no litoral. Não são raros os casos de ataques ali.

Por outro lado, o mergulho faz com que cidades inteiras ganhem sustento, preservem seus mares e tornam o tubarão branco, um dos peixes predadores mais ameaçados do mundo, em algo mais valioso vivo do que morto. E eu fui!



E eu fiquei no cantinho da gaiola aí em cima...

Apareceram três tubarões no mergulho. A primeira, uma fêmea de uns 3,5 metros, fez com que quase um terço de quem estava no barco desistisse de entrar na gaiola. Apesar da água geladíssima (por volta de 11ºC) ficar ali na gaiola é mais seguro do que saltar de bungee jump, de paraquedas ou quase todos os esportes radicais que você já ouviu falar.

Mas quando você, ser terrestre incompetente para nadar afundado ao lado de um predador que está há uns 300 milhões de anos se tornando o melhor naquilo que faz, se toca da situação... meu caro, frio da água nem se compara com o da sua espinha.

Um segundo tubarão, de talvez dois metros, mal ficou por perto, saiu de perto antes de topar com a grande fêmea. E o terceiro, um nervosinho de uns 2,5 metros e que aparece na foto, deu a maior parte das boas fotos de todos no barco. Mordeu a gaiola para experimentar, nadou rente ao barco... enfim, deu show. A agilidade, imponência e graça dele faz com que imediatamente esqueçamos do monstro desajeitado e feio retratado por Spielberg no filme "Jaws" (que significa mandíbula, e não tubarão. Grande filme, mas nada mais distante da realidade que há no bicho).

Nem tudo é preocupação em um passeio destes. Ao fim, após um êxtase que superou a visualização das baleias em muito, voltamos para a base sem nada querendo sair do estômago e vimos o DVD que a companhia gravou conosco no barco (lógico que eu trouxe uma cópia). Um dia perfeito, antecedido de outro. E quase me fez esquecer que, a esta altura, eu já estava quase no fim do meu tempo na Cidade do Cabo.