29.6.08

Betão

Na quarta-feira, 25 de junho de 2008, findou-se uma era. Cerraram-se as portas do bar do Betão, herdeiro e continuidade do V2, o bar rock´n´roll esperança a todos os órfãos da zona norte.
Não, os motivos de fechar não são dramáticos e chorosos. O Betão resolveu deixar a noite de lado um pouco, pois família aumentou. Ainda vai existir diurnamente.
Durante 4 anos, o V2 e o bar do Betão ofereceram ao bairro uma quarta feira onde todos os seres da noite se encontravam. E se não há exatamente consolo em saber que outros 2 ou 3 lugares já se ofereceram para substituí-los, ao menos ficamos esperançosos de encontrar sempre a fauna dali.
São muitas as mudanças que passei nestes últimos 4 anos, e o fim das quartas de sarau, capitaneadas pelo Mou, apenas traz a confirmação de novos passos serem dados. E ainda mais, que tudo precisa de mudanças. Foram-se o Half, o Blues company, o Jazz Bass, o V2 e agora o Betão, mas o próximo na função de agregar a tribo róquenrol de Santana e adjacências está no forno.
E de todas as criaturas por ali encontradas e conhecidas, cada figura emergente ou já estabelecida, ganhei algo. E do clima de casa, mesmo sob meu silêncio num canto enquanto escrevia alguma coisa, ou nas mais animadas conversas com novos e velhos amigos, recém adquiridos ou reencontrados após anos, eu levo a hospitalidade e o bom humor.
Os nomes são muitos, próximos ou apenas conhecidos, amigos ou rostos que perfaziam o cenário e completavam a luz do lugar, e todos importantes.
E do Cri ao Chris, Da Tati e Mou a Batata e Sheila, Rita e Renata a Bruna vs Fabi, Marcos Valério e Theo a Nelsinho e Eduardo, Paloma, Guará, Thaís, Isaac, Wan, Suelen, toda a trupe do Soul Barbecue e cia (Leozinho, Diego e trocentos outros), foram milhares as piadas, tirações de sarro e assuntos sérios tratados. E não é saudade sentida, mas vontade de logo ter o que toma o espaço para novas mesas com cerveja em cima, bexigas cheias embaixo e idéias flutuando.
Até a próxima mesa, e sejam bem vindos ao admirável mundo novo.

9.6.08

Raquel, Oriel, Miguel, Daniel, Gabriel, Rafael...



Minha vida é cheia de anjos. Aliás, se for para ir nesta direção, praticamente todo povo de origem católica entope de anjos os cartórios, quase com tanta lotação quanto coloca santos em certidões de nascimento.

Mas a minha especialmente é cheia deles. Não é sempre que encontro um, mas achar um anjo é um acontecimento. Achar o nome do seu anjo particular demanda um certo conhecimento de hebreu, mas acontece. Mas identificar os anjos do dia a dia é deveras mais difícil.

Recentemente li uma sobre quantas pessoas o executivo precisa presentear no natal. O fulano vive de bajular a secretária do chefe, o manobrista, a tia do café, e por aí vai, pois são eles que realmente tocam a carreira dele para a frente, indiretamente. É mais ou menos esta a ação do anjo. Mas quando anjos tocam nossa vida para o novo patamar, usam de mais modos de agir que simplesmente achar o cara simpático e dar a chance a ele de ter sua reunião com o chefe.

Todas as culturas crêem em espíritos guardiões. A maioria delas crê, xamãnicamente, em espírito animais, os totens, que facilitam nossa existência. Os orientais possuem o conceito do "Eu-maior", como se (simplificando o conceito) nossa proteção e aconselhamento divino viessem de nós mesmos no futuro evolutivo do espírito. Hermes tem asas nos pés, e é o mensageiro dos Deuses, embora seja um Deus por si só. Anjos ganham a missão de mensageiros também, e as asas nos espíritos protetores das grandes religiões monoteístas não são apenas apra designar sua proximidade com o céu.

Velocidade é útil a um anjo. Ter asas é uma coisa animalesca, mas invejável. O anjo católico é um pouco totem, também.

Cupido é a imagem pagã romana transferida para os anjos. Cupido é o Amor de sua mãe, Afrodite, em termos práticos. E o amor de uma entidade superior para cuidar de um simples mortal só poderia ganhar a cara de Cupido.

Mas anjos são durões também. Na bíblia, trucidam milhares. Animais totens são feras quando alguém tenta intervir no espírito errante do xamã. As valquírias são guerreiras, e ai daquele que tentar desonrar um guerreiro vencido. E as Fingja-hamingja celtas protegem cada membro de linhagens familiares ou de grupos de afinidades diversas.

O pensamento de um ente além-mundo protetor é confortante, mas psicologicamente é apenas um equivalente de crença à sensação infantil de ter a mãe sempre a um grito de distância.

Porém, posso contar uma coisa.
Naqueles momentos de dúvida, onde pensamos onde amarramos nosso jegue, como se usa o botão de "reset" do coração, por que algumas coisas são como são, e por aí vai, a gente saca daquela oração de criança na beira da cama e pede para o "anjo da guarda" uma sugestão.

E de vez em quando, a sugestão é trazer um anjo na nossa vida.