tag:blogger.com,1999:blog-210721852024-03-05T09:10:01.219-03:00BioCênicoDepositário de comentários, sede do caos, falta do que fazer e onde mostrar, outdoor ao inverso e convite ao velho e bom papo de bar. Tudo isso e mais um pouco de Vida e Cenas, e história a contar.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.comBlogger83125tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-32570630659120573382012-01-26T23:24:00.003-02:002012-01-26T23:29:56.840-02:00E no princípio faltava o verbo...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRB6sJCSHqhDlS4qYXW2llRvoqea2Brju50jPBSI9e-aFj73nDYbfGBHDho_N21TsV8zUmcIcnRajd_qqh3aN73bD22FTmYKn2iQCg19lrNVHzwX7ss7D_wK2lVj4YaskzpKACfg/s1600/DylanBeatles.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRB6sJCSHqhDlS4qYXW2llRvoqea2Brju50jPBSI9e-aFj73nDYbfGBHDho_N21TsV8zUmcIcnRajd_qqh3aN73bD22FTmYKn2iQCg19lrNVHzwX7ss7D_wK2lVj4YaskzpKACfg/s400/DylanBeatles.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5702117501156079842" /></a><br /><br /><br />“Era uma vez a música popular européia. Se casou com a música popular africana e tiveram um filho chamado Blues que, apesar de muito melancólico, era vivaz e inteligente. Porém, não levava muito jeito para a criatividade.<br /><br />Metade de tudo que Blues fazia era cópia. Ele tinha uma boa idéia, criava cem outras inspiradas naquela, e às vezes elas eram tão parecidas umas com as outras que ninguém percebia a diferença.<br /><br />Daí veio uma iluminação: e se ele dissesse coisas diferentes de uma para a outra? Afinal, no tempo em que Blues estava mais produtivo, as pessoas tinham inventado uma coisa que substituía a memória, e tudo que Blues cantava era gravado e comparado. Então, Blues começou a colocar palavras contando histórias ou reclamando ou chorando. E essas palavras se tornaram a parte principal do que Blues fazia”.<br /><br />Bom, vão reclamar que eu disse que blues era pouco criativo. Mas é verdade: o blues é tremendamente repetitivo quanto a suas melodias. Quantas músicas conheces que começam com “TAM-ranranran-Tan... Tum tum, Tum tum, TAm-ranranran-Tan”? Isso faz com que a letra da música seja muito mais importante do que era nos demais gêneros musicais nascidos até então. E isso foi tirado da música folclórica de marinheiros, fazendeiros e demais pobretões do mundo. O Blues criou a letra de música como conhecemos hoje.<br /><br />Porém, não sofisticou a fórmula. Isso quem fez foi o folk quando se encontrou com o Rock. Um tal de Dylan viu que as letras das músicas eram pouco aproveitadas para expressar opiniões políticas, sociais, de relação em seu nível mais profundo de sentimentos (e deve ter se lembrado que os bardos antigos usavam a música para passar críticas disfarçadamente). Daí ele criou a letra de música poderosa que se tornou o melhor que o Rock pode fazer. <br /><br />E de repente, todo mundo descobriu o que uma boa letra podia fazer. O pop se apropriou disso. O clássico, a ópera reclamou e disse que ia fazer mais ainda. O blues disse que colocou no jazz e ninguém deu bola. Mas até então a conversa estava equivalente.<br /><br />Daí o Dylan deu maconha para o Lennon.<br /><br />Todo mundo discute onde o mundo deu a virada que criou a revolução de costumes dos anos 1960. Foi aí. O Dylan virou para os Beatles e disse que eles tinham o poder de fazer milhões de pessoas pensarem, e não deviam desperdiçar isso só falando de sentimentos, por melhor que fizessem isso.<br /><br />E logo depois que eles se falaram, os Beatles ruminaram as palavras de Dylan cravadas em suas cabeças (para a versão hilária do encontro, vejam isso: http://www.maniacworld.com/beatles-meet-bob-dylan.html ) e algum tempo depois, deram o salto de qualidade que faz deles a maior banda de todos os tempos.<br /><br />Logo depois do encontro, lançaram o “Beatles for Sale”, depois o “Help”, mas daí veio o “Rubber Soul”, pouco mais de um ano depois do Bob lhes falar do poder da letra de música. E os Beatles transformaram a música para sempre em algo que tem letra como essência e instrumental como alma. Lennon foi o que melhor aprendeu a lição e não só escreveu o melhor de si na carreira solo como viveu de acordo com o poder de transformar que suas palavras tinham.<br /><br />Daí se estabelece o Norwegian principle: qualquer banda que se diga ser “A melhor de todos os tempos” deve provar que tem uma música no mesmo nível de Norwegian Wood. Se tiver, tem que mostrar que no mesmo disco tem outras tão boas quanto Nowhere man ou In my life. Daí a gente começa a conversar sobre ela ser boa mesmo.<br /><br />Por que o assunto? Por que repentinamente discute-se demais a péssima capacidade de criar letras interessantes da música popular de hoje. Esqueceu-se que elas precisavam dizer algo, não só diferenciar uma música da outra. Sem ter o que dizer, são todas iguais.<br /><br />Um dia, a era em que as rádios tocavam letras como as de Cazuza, Renato Russo e Lobão vai voltar. Pois ninguém vai saber falar se não acontecer logo!Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-89387410569808770382011-12-24T19:54:00.006-02:002011-12-24T20:09:47.457-02:00Natal, festa laica.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqCJMxfKlIjzdCR4-TGPx5xsMq7LaqtOWBoSRecsylbZWP19hpfWYHTRMT6X5HhtQTlg5Cmmi_Ts3iJ4dPjrdSzVbVoawDfO0VF_JAcfBmO70ogyCHWUoABdYYtMZKnuUhivmcfg/s1600/380985_10150407835810819_547290818_8803086_605559779_n.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 266px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqCJMxfKlIjzdCR4-TGPx5xsMq7LaqtOWBoSRecsylbZWP19hpfWYHTRMT6X5HhtQTlg5Cmmi_Ts3iJ4dPjrdSzVbVoawDfO0VF_JAcfBmO70ogyCHWUoABdYYtMZKnuUhivmcfg/s400/380985_10150407835810819_547290818_8803086_605559779_n.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5689820524358236770" /></a><br /><br /><br />Feliz natal a todos! Feliz ano novo! Votos de felicidades mil.<br /><br />De todos os cumprimentos acima, tão repetidos nesta época, o único que pode ser dito a qualquer um sem risco de ofensa é o último. Votos de felicidade são bem vindos em qualquer religião, de qualquer povo, em qualquer época.<br /><br />Cansei-me de ouvir a galera pseudointelectual descer a lenha no natal, no cinismo da época, no consumismo desenfreado e tal. E os engraçadinhos informados, dizendo que em tal e tal cultura o ano só é comemorado em tal data e o ano comemorado já é o sei lá qual. Fora os chatíssimos neopagãos reclamando das datas e símbolos roubados pelo cristianismo e a discussão de celebrar algo invernal no meio dos trópicos brasileiros.<br /><br />Concordo e discordo com todo mundo, mas esse mau humor não me pega. Este ano tive uma prova estranhamente delicada vinda de uma operadora de TV a cabo, esses monstrengos que cobram absurdo por conteúdo dos outros. O anúncio dizia que tinha um presente de fim de ano para os seus assinantes, pois tal e qual canais estariam com sinal liberado este mês.<br /><br />Note: presente de fim de ano, não presente de natal. Eles ganharam a simpatia de meio mundo por não terem vinculado a ideia de presente com nenhuma tradição religiosa específica. Simplesmente celebrem, pessoas.<br /><br />Portanto, feliz fim de ano a todos! É época de confraternização sim, de dar presente, de torrar o 13º salário para agradar gente ao nosso redor, de ver família e comer até a barriga doer, de engordar com nozes e castanhas e panetone de chocolate com pernil e peru, de encher a cara de champanhe vestido de branco e desejando paz para o mundo, de renovar votos, de prometer mudar nos próximos 365 dias, e isso não tem absolutamente nada a ver com nenhuma cultura ou postura ideológica. Tem a ver apenas e somente com celebrar a vida!<br /><br />E você, seu chato que reclama que agora devia ser época de reflexão, reflita, E divirta-se. Essas coisas PODEM ser feitas juntas.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-5859957661685337782011-11-22T00:54:00.007-02:002011-11-22T21:20:55.830-02:00Vampire!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCzhDMPCPDBwWsTaJxNIeNOv4ZrAUKBVxUkXOA6aGZIsAFiLrqYwMId0ca2alX89n6aZtIUjDqW_FeqoYD2kEDrNQuXUkqS6gDcmTaxUyKjH48KpLtljyxAHZA0KIWDIyDOYT4mg/s1600/Peter_Tosh_No_Nuclear_War_covers.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 266px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCzhDMPCPDBwWsTaJxNIeNOv4ZrAUKBVxUkXOA6aGZIsAFiLrqYwMId0ca2alX89n6aZtIUjDqW_FeqoYD2kEDrNQuXUkqS6gDcmTaxUyKjH48KpLtljyxAHZA0KIWDIyDOYT4mg/s320/Peter_Tosh_No_Nuclear_War_covers.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5677648785763986674" /></a><br /><br /><br />Em 1987, Peter Tosh lançou seu último álbum: “No Nuclear (holocaust) War”. Em setembro do mesmo ano, foi assassinado por assaltantes, um dos quais ele mesmo tentara ajudar a conseguir emprego após anos preso. Há quem diga que o assassinato foi encomendado, como se diz de todo músico ativista morto. É provável, como é com todo músico ativista morto, que o boato seja verdade.<br /><br />O que um músico de reggae, estilo associado à paz, maconha, defesa dos direitos humanos e de liberdade de expressão, Sol, praia e Caribe tem a ver com vampiros?<br />No álbum há uma música chamada “Vampire”, um dos reggaes mais geniais já compostos. Atentemos para o fato de que Tosh é o segundo mais conhecido compositor do Reggae, logo atrás de seu companheiro no The Wailers, Bob Marley. “Vampire” usa a figura do vampiro como um símbolo para tudo aquilo que suga a autenticidade, a leveza, a pureza dos jovens. O vampiro da música é velho, carrega o passado como uma jaula onde prender os que pensam inovadoramente.<br /><br />A capa do disco mostra Tosh usando uma máscara antirradiação na frente de uma explosão nuclear, e aos seus pés estão bombas, uma americana e outra soviética. O visual do alienígena do filme Predador deve ter sido inspirado nesta capa!<br />A composição é terrivelmente atual. Enquanto o resto do disco hoje soa datado, Vampire poderia ter sido composta ontem. Não fosse um porém: o vampiro atualmente em moda é um cretino.<br /><br />Aí entra o assunto. Pra quê vampiros? O vampiro se tornou figura literária popular depois de um surto de casos de vampirismo relatados no leste europeu no século XVIII. As lendas circulavam há tempos, mas bem na época em que o iluminismo destruía a maior parte do obscurantismo medieval, explodiram relatos que colocaram em polvorosa a mente que buscava explicações naturais para tudo que existia. O Vaticano enviou um especialista para descobrir o que acontecia, o padre Calmet, conhecido por sua prudência e cientificismo. E o tiro saiu pela culatra! Seu relato não nega nem confirma acontecimentos sobrenaturais, e torna disponível ao mundo imensa quantidade de dados sobre como é, se combate e se localiza um vampiro.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3EdrxxVuZ2COJkm82JIgF0tHDm_yHvLn2is7Qzw9VXsAwuLW3txb-ewPWZfo-ApnBTz5B4yqRyjJqf3NoAoLmQi5sS1KbTIx2l1HmLpFQ48VjrG8F3quOquinmXpf6c0ULjenOQ/s1600/Dom+Calmet.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 146px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3EdrxxVuZ2COJkm82JIgF0tHDm_yHvLn2is7Qzw9VXsAwuLW3txb-ewPWZfo-ApnBTz5B4yqRyjJqf3NoAoLmQi5sS1KbTIx2l1HmLpFQ48VjrG8F3quOquinmXpf6c0ULjenOQ/s200/Dom+Calmet.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5677649258145472610" /></a><br />padre Calmet: mais informações aqui: http://www.fafiuv.br/img/noticias/fotos8/calmet.pdf<br /><br />Em suma, falem bem ou falem mal, mas falem de algo e essa coisa ganha fama. O fim do surto de vampiros iniciou um período de apropriação da criatura pelo imaginário popular, enquanto os livros ganhavam popularização junto às massas. O vampiro acabou, no processo de literarização, perdendo muitas de suas características macabras originais (o vampiro renascentista era mais um zumbi do que um humano) e ganhando contornos do romantismo, pendendo para (pasmem) uma espécie de “Lobo mau”, aquela criatura que sob um disfarce simpático oculta um monstro sedento por aquilo que te faz viver.<br /><br />O vampiro do romantismo é de certo modo mais assustador do que o vampiro morto-vivo de antes. Nesta época o vampiro ganha ares muito humanos, e humanos são terríveis. E podem andar sob a luz do sol, embora fiquem sem seus poderes sobrenaturais. Hollywood poda esta característica e os impede definitivamente de andar sob o sol, para bem do medo nos filmes. E funcionou tanto que hoje muitos críticos do vampiro purpurina esquecem que o cinema inventou essa do sol-mata-vampiro.<br /><br />O espaço dos vampiros é conquistado de vez com a publicação de Drácula, e metade do que se fala hoje para estabelecer o que deve ser um vampiro passa por ali. Só que Bram Stocker usa de tanta liberdade mítica para retratar o seu vampiro quanto qualquer autor atual. Não existe UM vampiro modelo.<br /><br />Conforme passaram os anos, os vampiros se tornaram símbolos de um mal elegante, aristocrático – a burguesia e seu poder sobre os que trabalham? – e sedutor. De onde surge também o fascínio pela idéia de ser imortal, apesar do preço a ser pago, ser monstro para ser imortal. O vampiro é a deturpação da imortalidade da alma. Só que nos anos 1960 (sempre ali) a contestação alcançou também o terror, e o vampiro se torna também algo que vai contra o status quo. E uma autora então jovem absorve a idéia do vampiro como o jovem que vive a noite eternamente. Anne Rice cria o vampiro modernista, que se torna padrão em obras como o seu “Entrevista com o vampiro”, ou em filmes como “Os garotos perdidos” e “Quando chega a escuridão”.<br /><br />Que filme é esse último, Ricardo? Meu exemplo de bom filme moderno. Poderia ser “30 dias de noite”, “Deixa ela entrar” (objeto desta postagem aqui: http://biocenico.blogspot.com/2009/12/deixa-ela-entrar-mesmo.html) ou “Vampiros, los muertos”, mas esse é desconhecido e merece aplausos.<br /><br />O sucesso de “A hora do espanto” estimulou uma série de filmes adolescentes. A idéia moderna dos vampiros a lá Anne Rice fez com que fossem retratados como os monstros sedutores das mais diversas situações contemporâneas, desvencilhando de vez o mito dos cenários góticos, e um dos sub-subgêneros que surgiu foi o “vampire-western”, com vampiros que atacavam nos EUA caipiras. “Quando chega a escuridão” é deste subgênero. Não há glamour nestes vampiros. São criaturas sanguinárias, sobrenaturais até o osso, e exploram o gênero dos caninos longos até a última gota.<br /><br />É dirigido pela então desconhecida esposa de James Cameron, Kathryn Bigelow, hoje oscarizada. Pegou amigos emprestados de filmes do então marido: Bill Paxton, Jenette Goldstein e Lance Henriksen (sensacionais). Mais, os fez atuar como criaturas medonhas, desprezíveis, psicóticas. Retrata o dilema do humano tornado sanguessuga sem frescura. Eles se entregam ao que são, embora saibam de seus tempos como humanos. Em certo momento, a vampira protagonista, que se apaixona por um humano (é, começou longe essa história) dispara ao olhar para as estrelas que quando a luz delas chegar à Terra, ela estará lá para ver. A idéia calou fundo no que penso de vampiros e me fez questionar a validade da imortalidade a esse extremo.<br /><br />A primeira impressão é só a de que um daqueles grupos de caipiras ultraconservadores armados até os dentes agora tem uma desculpa para matar pessoas sem se preocupar com as balas da polícia, até você parar pra pensar no que acontece. As críticas sociais são equivalentes às de George Romero com seus zumbis consumidores de cérebros, a construção dos personagens milimetricamente pensada, a condução do suspense precisa como um cronômetro, e ao mesmo tempo, o ritmo que anima o filme é apimentado e os diálogos afiadíssimos.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGexMJ8VhqDh0UGw_9iOBOmF1fCJwaYDId-6Gp4PkyWdc8czpiz_kyZxcaJ6nGSBLLor9XtCKcGryS72oT1ZOW5yL1Bb7FfdI5fTjS7itpYn7wMFsGj-YfjCkG-5bI4mgWK11uGg/s1600/Neardarktheatposter.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 132px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGexMJ8VhqDh0UGw_9iOBOmF1fCJwaYDId-6Gp4PkyWdc8czpiz_kyZxcaJ6nGSBLLor9XtCKcGryS72oT1ZOW5yL1Bb7FfdI5fTjS7itpYn7wMFsGj-YfjCkG-5bI4mgWK11uGg/s200/Neardarktheatposter.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5677649596030276194" /></a><br />“Quando chega a escuridão”<br /><br /><br />Enfim, dá para ser moderno, assustador, romântico, crítico, bem escrito e ainda por cima barato com um roteiro escrito por um vivo e não por uma morta-viva sem noção de psique ou construção de personagens. Já disseram muito sobre Crepúsculo, está na hora de direcionar as pessoas para os filmes de vampiro de verdade.<br /><br />Esses troços são para dar medo, não é?Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-33295643987498607992011-09-07T21:00:00.007-03:002011-09-07T23:11:47.037-03:00Não quero cachorro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH9ceLaKIA1BIMMhor4q9UMYEtaG72rs42s0pABUqyG8mTps4OkEb_HvvpgBBMkiTLEeJtwY7dfpWk4c0WqnyoVpchu5fZ_P5Cj661oKnUmyKmMXqoVwjfx-NE1fd3nK31zoKKeg/s1600/muaGUJ.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 160px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH9ceLaKIA1BIMMhor4q9UMYEtaG72rs42s0pABUqyG8mTps4OkEb_HvvpgBBMkiTLEeJtwY7dfpWk4c0WqnyoVpchu5fZ_P5Cj661oKnUmyKmMXqoVwjfx-NE1fd3nK31zoKKeg/s400/muaGUJ.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5649794787335355490" /></a><br /><br />Durante cinco anos trabalhei com Vigilância em Saúde na prefeitura de Sampa. Embora os dois terços desta área compostos de epidemiológica e sanitária fossem parte do que eu fazia, quase todo meu tempo era dedicado ao terço da vigilância ambiental, especialmente zoonoses. E das trocentas coisas inclusas em Vigilância em saúde ambiental, uma chama mais atenção quando eu falo desta época: Maus-tratos a animais.<br /><br />Minha equipe tinha uma dupla dedicada a peneirar os casos de fofoca entre vizinhos, implicâncias com animais alheios etc dos casos que configuravam mesmo maus-tratos. E lá estava eu, a veterinária-braço-direito e/ou o outro biólogo-braço-esquerdo da equipe para ver o que acontecia.<br /><br />Sempre era assustador.<br /><br />Hoje, nas redes sociais que perfazem nossa vida virtual substituta das ruazinhas tranqüilas de vila, recebo dúzias de chamados para ações pelos cães, pelos gatinhos abandonados, pelos pobres irmãos que não podem se defender. E apoio todas estas ações. Só o que percebo em quase todas é uma certa ingenuidade. Não é uma questão de “se cada família adotar um, a gente se livra do problema”. Nem todos devem ou podem ter bicho. Nem todo bicho na rua foi abandonado. Nem toda boa ação pro bicho na rua é boa a longo prazo. Nem todo bicho pode ser salvo. Nem todo Pit Bull pode ter o comportamento recuperado.<br /><br />É ponto pacífico que o problema nunca é o bicho, é sempre a pessoa que abandona, a que coloca comida para os da rua e estimula sua procriação, a que acumula animais no quintal achando que assim faz uma boa ação. Precisei fazer muitos que se diziam protetores arrumarem donos para metade de seus 18 cachorros por que isso simplesmente é contra a lei e contra a idéia de fazer o bem para eles. Não dá para ter 18 cachorros saudáveis e felizes num quintal comum de cidade grande: eles ficam estressados, incomodam com toda razão os vizinhos, cheira mal, gastam tempo demais do dono (que assim perde qualidade de vida) e são um foco sério de doenças para todos os bichos, humanos ou não, do entorno.<br /><br />E eu ouvia coisas como:<br />- “Eles ficam melhor aqui do que na rua” (não, não viviam quase nunca, e na rua eles não tinham comida à vontade para fazer dúzias de filhotes);<br />- “Por que a prefeitura não faz campanha de castração em massa?” (custa muito caro, e se alguém diz que está gastando os parcos recursos que realmente chegam na ponta da hierarquia para cuidar de bicho, a sociedade surta. Agora, existem projetos nesse sentido funcionando, só não se pode obrigar ninguém a castrar seu bicho);<br />- “E vacinação pública contra cinomose?” (o poder público tem que se preocupar com a saúde das pessoas, não a dos cães. O dono é quem deve arcar com problemas dos seus bichos);<br />- “Ah, você devia ter tirado todos os cachorros dela!” (não,não devia. Eles estão bem em menor número agora OU eles podem todos ficar pois são bem tratados OU ela ia arrumar o dobro se eu desse esse baque psicológico nela); <br />- “Multa logo ele!” (adiantaria? E é melhor fazer a pessoa se convencer de que você quer resolver o problema COM ela, ainda que demore um pouco mais, e não angariar grana para a prefeitura);<br />- “Eu já tinha essa boiada aqui anos antes desse bairro aparecer” (é, BOIADA em São Paulo. Lidei com duas na pequena subprefeitura que eu cuidava. E de fato eles estavam lá antes dos bairros. NÃO é contra a lei ter bovinos em área urbana, mas porcos sim);<br />- “Eu tenho medo do meu cachorro. Vai vacinar ele lá em casa para mim?” (é contra a lei ir vacinar em casa ou levar a vacina. E ter medo do próprio cachorro é sinal de que você não devia ter um);<br />- “Minha filha deficiente gosta dos 48 gatos dela” (os gatos moram bem num quarto de 3x5 m? Se ela adoecer por isso a culpa é dos gatos?);<br /><br />... e por aí vai. Conto qualquer história desejada numa mesa de bar. Em nenhum momento falei dos cachorros soltos pelos donos que vão sair de férias, que se cansam deles depois de adultos e com personalidade, dos gatos torturados por futuros assassinos seriais, das promessas de campanha dos vereadores “verdes”. Zilhões de outras questões resumidas no fato de que a sociedade brasileira não sabe lidar com animais de estimação, muito menos (outro assunto, de quem já cuidou de 148 saguis e 52 papagaios resgatados de tráfico) com animais silvestres “criados” em casa.<br /><br />O problema, para variar, não é nossa exclusividade. Basta assistir “O encantador de cachorros”, “Distrito animal”, “Animais em perigo” e vários outros para notar que nem mesmo é incomum lá nos “estrangêro” (eu morria de inveja dos recursos do pessoal do “Distrito...”). A TV americana conseguiu capitalizar as investigações de maus tratos e usar isso como ferramenta de conscientização. As parcas tentativas de fazer isso aqui no Brasil esbarram na mesma ingenuidade das postagens pedindo para ajudar o cachorrinho: Batem na trave do piegas, não tocam de fato as pessoas e nem as assustam, e não entram no gol da conscientização.<br /><br />Para finalizar, eu sou a favor de vender cachorros já castrados, chipados, com manual de instrução e uma taxa que seja usada para projetos de castração pública. De preferência, promover a adoção de animais resgatados ao invés da venda. Perdoem-me os radicais, mas impedir o sacrifício de animais pode ser um tiro no pé em caso de epidemias, situações de risco à integridade da população ou de multiplicação absurda que se vê em certos lugares. Quem abandona cachorro ou gato na rua devia ser preso por uns cinco anos. E penso que já tem gente o bastante pensando nos domésticos para me deixar livre para pensar nos silvestres.<br /><br />Hoje, antes de dormir, afague seus bichos. Eles precisam de você.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-16620496230732703932011-07-31T17:24:00.003-03:002011-07-31T17:38:22.253-03:00The Winehouse keeps cool the drinks<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTHPcxSDLNy8X-CEgYWk1LWux_Pyu6nSLn8w4OHC7rk2uYc9S7CEc2wyGGIPhG7XFLcx7Et32-R-q_2dPhDtutjxlmghTe57-prP3K-s5kIXawbe828VReBkyQ5VuMDFDn1q4VmA/s1600/amy.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 267px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTHPcxSDLNy8X-CEgYWk1LWux_Pyu6nSLn8w4OHC7rk2uYc9S7CEc2wyGGIPhG7XFLcx7Et32-R-q_2dPhDtutjxlmghTe57-prP3K-s5kIXawbe828VReBkyQ5VuMDFDn1q4VmA/s400/amy.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5635618483210927122" /></a><br /><br /><br />Andei muito pessimista com relação aos rumos da música até alguns anos atrás. De repente, notei que eu só estava olhando para o lado errado. A coisa não está pior do que estava na década de 1980 ou 1990, por exemplo. Porém multifacetado e disperso como está, o mundo musical fica mais difícil de decifrar superficialmente: O Metal está bem, obrigado. O jazz toca em rádios populares! O Soul ganha uma noite só para ele no Rock’n’Rio. Mas para ver o que há de bom é preciso arrastar mais lixo para os lados do que antes, simplesmente por que hoje há muito mais produção do que antes. Caberia saber se a quantidade de coisa boa segue a mesma proporção que seguia em, sei lá, 1979 ou 1991. Só não quero falar de estatística.<br />Toca uma da porralouca mor dos anos 2000, quando ela ainda tinha carne sobre o pó. “Stronger than me” é uma das boas coisas que a Amy criou quando ainda era dona de si mesma.<br />Este texto germinou na minha cabeça enquanto eu preparava uma coletânea das melhores vozes femininas desde 1940 para uma das melhores vozes femininas de hoje. Antes disso, uma aprendiz já havia postado em uma rede social um clipe da Adele, outra da nova leva jazzística atual que não faria feio na Chicago dos anos 1940 (e espantou-me alguém de 18 anos postando isso em seu mural ao lado de Lady Gaga ou Rihanna) e um estagiário, há um mês, cantarolava Joss Stone pelos corredores. Sem falar no mar de gente assistindo Hermeto Paschoal na Virada cultural. Hermeto Paschoal, o bruxo incompreensível, é pop!<br /><br />O assunto cresceu e quando a idéia já estava maturada, com as primeiras linhas no papel, veio a notícia da morte de Amy Winehouse. E se antes o objetivo destas linhas era destacar um bom momento de um gênero que andava elitizado demais, agora é preciso pensar no que pode acontecer com a ida de sei ícone atual mais marcante por causas ainda indeterminadas.<br /><br />Será como o Grunge, que morreu junto ao Cobain, ou como o Rock Clássico, que expandiu-se depois que Buddy Holly se foi?<br /><br />E indeterminadas sim, pois não repetir aquela revista semanal conservadora que colocou a Cássia Eller como vítima de overdose na capa e jamais pediu desculpas depois que a autópsia revelou que ela estava limpa. Ah, mas é provável que Amy tenha morrido de overdose? Sim, é, assim como é provável que algum executivo de gravadora tenha mandado matar uma artista problemática na simbólica idade de 27 anos para lucrar com seus restos ou ela tenha morrido em uma briga com o namorado.<br /><br />Pouca antes da afundada que nos deu a onda do forró universitário, surgiu uma teoria: a música está tão ruim que agora só subindo de nível. Claro que a coisa piorou muito depois (vieram novas boy bandas, o funk carioca, sertanojo universiotário, os gangsta de boutique, o emo e o happy rock) e agora realmente parece não haver lugar mais para baixo, e a coisa tende a ir para a única direção possível: para cima.<br /><br />O novo jazz radiofônico é repleto de levadas pop, soma guitarras aos metais típicos, é cheio de “fulana featuring ciclano” e incomoda os puristas e os acostumados às complexidades harmônicas dos experimentalistas. E continua sendo inegavelmente jazz, o gênero musical que, na prática, abarca coisas tão diferentes que nem deveria ser chamado de gênero musical.<br /><br />Uma das burocráticas Kate Melua, Norah Jones ou a Joss Stone vão fazer uma reviravolta mágica e tomar o topo agora? Será que Adele vai fazer um megaregime e tocar de umbigo de fora? E como saber se ela foi só mais uma vítima da indústria ou se ela só fez regime por desejar isso há séculos e agora ter como pagar um bom nutricionista e cozinheiros? Vão arrumar uma substituta polêmica na miríade de imitadoras de Amy que surgiu? Vai surgir alguém novo? O novo vai ficar do lado do Mississipi ou de Paris? Chicago ou Londres? Hermeto Paschoal ou Ivan Lins?<br /><br />O diferencial não é nenhuma destas coisas, e pode ser muito bem ilustrado em uma cena que foi ao ar num tributo de 2005 a Janis Joplin, a blueseira que pegou o Rock e lhe deu whisky para mamar. Joss Stone e Melissa Etheridge subiram ao palco para cantarem juntas. Lado a lado, a belíssima Stone começou com uma versão tecnicamente perfeita e fria de “Cry baby”, e chamou uma careca, linda e rouca (é, quimio tem efeitos colaterais) Melissa para dividirem “Piece of my Heart”. A façanha está aqui: http://www.youtube.com/watch?v=ef-f-l2Pbn8 . <br /><br />Não é preciso ser gênio para adivinhar que a técnica ficou para trás da sujeira emocional e gritada. É isso que fez Amy grande. Ela não foi a melhor cantora, a melhor voz, a melhor compositora (e compunha muito bem, coisa rara hoje em dia) ou a melhor sobrevivente. Mas foi a que se esgarçou frente às platéias, que chorou, que cantou mal, que destruiu, que fez força e compôs com alma. Ela trouxe a dor e o deleite que fazem do jazz O Jazz, e os doutores da indústria fonográfica jamais saberão como reproduzir.<br /><br />Se você quer sabe de onde vem a próxima grande coisa, olha na lixeira. Aquilo que traz o novo e traz sangue para o fadigado quase sempre sai de onde o sofrimento faz a pele endurecer, a expressão se sofisticar, a habilidade crescer, a técnica submeter-se ao ritmo... e as notas saírem carregando pedaços da dor e do prazer de quem as faz.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-38853009700453553412011-06-23T14:48:00.002-03:002011-06-23T15:00:28.179-03:00O descontentamento procura suas vozes, quem se candidata?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj42AwWorXP7Hh1q0Xvge7OS9BXvRChCKkRbOO7VPtWTFe6ZXzfMuAt8mpb_HN3hkFC0C86FHh0GonQ9_5DMSmKG136kKrV7sfNKTXtvFZZmDqnMXGsbG81kKaB7Q5s5rxJYr3VTg/s1600/raul+seixas.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 256px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj42AwWorXP7Hh1q0Xvge7OS9BXvRChCKkRbOO7VPtWTFe6ZXzfMuAt8mpb_HN3hkFC0C86FHh0GonQ9_5DMSmKG136kKrV7sfNKTXtvFZZmDqnMXGsbG81kKaB7Q5s5rxJYr3VTg/s400/raul+seixas.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621476617172956850" /></a><br /><br />Ontem assisti um “cover” de Raul Seixas em um bar rock’n’roll aqui perto de casa. Já vi boas bandas tocando por lá, públicos razoáveis, mas nada que se comparasse ao volume de pessoas gritando as letras e erguendo seus copos aos gritos satíricos de “Toca Raul”. Estava lotado, simplesmente, de fãs.<br /><br />Claro, eu me incluo. Cantei “Gita” com a emoção de sempre, pedi “Novo Aeon” (e não fui atendido, não é uma música que qualquer um toque e/ou saiba fazer aquele finalzinho rap) e dei risada com “Aluga-se”.<br /><br />É óbvio que a moda é cíclica, e a música, como fenômeno de expressão, igualmente se repete de tempos em tempos, e acredito que isso tem a ver com a sequência de adolescência após adolescência dos públicos. Sim, montes de pessoas que eram bebês, ou mesmo nem haviam nascido quando Raul Seixas morreu, estavam lá cantando e celebrando a sociedade alternativa. São minoria de sua geração, são, mas existem e não são poucos. Aqueles que cresceram escutando só Strokes ou White Stripes como o máximo de rebeldia se encantam com a mensagem genuinamente raivosa contra o mundo do Raul (eles enxergam o Nirvana como eu enxergava o Led Zepellin, algo lá no fundo da história).<br /><br />Logo após a morte do Raulzito, na semana do eclipse (para quem não lembra: na música “As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”, ele cantava que só o entenderiam quando chegasse o dia do eclipse. Pois bem, Raul morreu 2 dias depois de um eclipse total do Sol), ele foi criticado pelo rumo péssimo de sua vida nos anos finais, pelos shows que não terminou de tão bêbado que estava, pela parceria duvidosa com Marcelo Nova e por aí vai. Quatro anos depois, Raul tinha mais fãs do que jamais tivera quando vivo, e essa onda se espalhou de São Thomé das Letras à China. Aí surgiu o famoso grito de “Toca Raul”.<br /><br />Quando o novo milênio chegou, Raul era ultrapassado, datado, chato. Os fãs se enfiaram no seu nicho, e bandas se recusavam a tocar suas músicas nos bares da vida. Um mês atrás, resolvi dar uma nova chance ao Raul e fui lá desenterrar a pasta de músicas dele do computador.<br /><br />E estava tudo lá. A clareza crítica, a ironia, a afiada análise social, a filosofia adequadamente profunda para os propósitos de uma música para todos, o tino de fazer música comercial sem ser raso, o desprezo pela alienação, o humor indescritível, a grandeza espiritual, o amor pelo viver livre. O cara foi muito bom no que fez, e quando olhei ao redor, vi que eu não era o único a revisar a atualidade das ideias anticaretice do maluco beleza.<br /><br />Agora, passados mais de vinte anos desde sua morte, ganha um novo fôlego e público, que sintoniza sua revolta contra a burrice coletiva, a mentalidade politicamente incorreta que não tem sequer a coragem de se assumir fascista, a vida reacionária da classe média agonizante de Higienópolis, a face careta mesmo do mundo. Está mais adequado ao mundo de hoje que seu ex-parceiro, Paulo Coelho.<br /><br />Senhor Seixas, o mundo evoluiu inegavelmente, não pode impedir sua voz e admite que não pode mais discriminar as pessoas por serem como são, não é mais dividido em duas superpotências, a informação corre para cima e para abaixo em bits, e as grandes gravadoras agonizam; só infelizmente continua merecendo as mesmas críticas hoje que merecia na sua época para aprofundar nesta evolução.<br /><br />Só espero que suas palavras não tragam a revolução datada que seus fãs adorariam ver.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-60114176236936446142011-06-14T21:47:00.006-03:002011-06-14T22:40:56.061-03:00E onde estão as crianças?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDB_Ozf9ukKfv7DvkuleEJILF6aexRdZBaC22VWvxXGAcfYD-mmXGKgqwpGZtdbzw2RtIG7CGcz30TvSSvgG1L1-M9Xyx1tzPIJb2IXE8Ck10FtuEfqZY6IRG2ZIsowjBM-u3__g/s1600/Che+Guevara+communist+terrorist+3.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 327px; height: 344px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDB_Ozf9ukKfv7DvkuleEJILF6aexRdZBaC22VWvxXGAcfYD-mmXGKgqwpGZtdbzw2RtIG7CGcz30TvSSvgG1L1-M9Xyx1tzPIJb2IXE8Ck10FtuEfqZY6IRG2ZIsowjBM-u3__g/s400/Che+Guevara+communist+terrorist+3.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5618255428852235266" /></a><br /><br /><br />Lá na era cenozóica, eu escrevi com alguns amigos uma lisérgica história envolvendo tudo que desejávamos detonar e colocamos a tarefa na mão de um grupo de antiheróis quadrinísticos. Basicamente, a coisa toda era sobre uma MegaCorporação de eletrônicos(!) que roubava crianças no terceiro mundo (!) para vender seus órgãos(!) embora dissesse para sua aliada Igreja fundamentalista norteamericana(!) que ajudava-as a arrumar casa em famílias abastadas e ambas conspiravam(!) para criarem um exército ciborgue ultrareligioso(!) às custas disso tudo.<br /><br />Nem é preciso falar que a suspensão de crença necessária para engolir isso é quase tão grande quanto a que precisamos para assistir um filme de ação blockbuster. Claro que enfiamos diálogos ferinos, protagonistas absurdos e muitas explosões. Tudo isso para extravasar artisticamente a revolta com o mundo.<br /><br />No meio dessa massa toda, estava um momento histórico onde o mundo todo tinha algo de errado. E pasmem, ainda estamos nele! E eis que me espanta ver que numa determinada entrevista um membro de uma banda da qual desejaria nunca ter ouvido nem mesmo falar de emocoloridobreganejorock (obviamente não darei a eles a honra de terem seu nome aqui) foi questionado por que raios todas as músicas eram sobre romance, balada e sei lá mais o quê. A criatura responde que não há mais nada do que reclamar então eles fazem só isso.<br /><br />Mais nada do que reclamar? Em que cúpula de cristal nos picos de Higienópolis ou Ipanema este ser nasceu e foi mantido toda sua vida? Que jornais róseos ele leu na vida? Que televisão com censura dos pais ele pode assistir? Que estradas de tijolos amarelos ele usa para chegar onde se apresenta? Que palcos de diamante e plateia de burgueses à francesa tem nesses shows? Se arte é expressão, o que expressa alguém tão insensível ao que o cerca?<br /><br />Qualquer ser humano que tenha um único dos 5 sentidos encontra facilmente algo do que reclamar pelo que acontece no mundo. Minha historieta adolescente falava de impunidade dos grandes poderes econômicos, da falta de laicidade dos estados, do fundamentalismo, da exploração dos países terceiromundistas, do abuso infantil, do tráfico humano, da falta de senso de justiça, do uso ilegal e ganancioso da tecnologia, do preconceito, do crime organizado e de pelo menos uns mil assuntos que ganhavam espetada nos diálogos entre a personagem que tentava ir pela lei e a que preferiria tudo feito no esquema olho por olho.<br /><br />Basicamente, as pessoas esperam por um novo movimento hippie, um novo punk ou revolução francesa. E não metem as caras para mudar nada. O problema é que chegamos no momento onde todo mundo, repito, TODO MUNDO sabe o que é certo e o que é errado. Essencialmente, a humanidade toda sabe que devemos respeitar tudo que tem em volta como respeitamos a nós mesmos. Isso significa que abuso, exploração, preconceito, desrespeito aos direitos das gerações futuras, esgotamente de recursos naturais, desinteresse pelo bem estar alheio e várias outras coisas estão subentendidas. Pela primeira vez nos últimos 200000 anos, é possível sonhar com uma constituição mundial. John Lennon sorri na tumba.<br /><br />E portanto, agora é a hora de praticar isso, e não esperar grandes impactos externos para nos obrigar. Quando as pessoas reclamam dizendo que o mundo está passivo, é por que não olham para o que está rolando nos países árabes. A primavera árabe simboliza a vez deles colocarem para si mesmos aquilo que boa parte do mundo conquistou na revolução francesa e na carta dos direitos humanos.<br /><br />Aqui no seu país onde um imbecil diz que não tem nada do que reclamar, é hora de fazer seu papel de indivíduo e botar as mãos na massa sozinho, cobrando aquele em que você votou, reciclando seu lixo, respeitando o direito do cadeirante, assumindo que fez asneira no trânsito ao invés de tentar subornar o guarda... enfim, parando de esperar que alguma revolução venha te ensinar o que deve ou não fazer.<br /><br />Quem espera que algo de fora lhe diga o que é o certo equivale àquela parcela do povo alemão recebendo Hitler como salvador da pátria e ignorando seus maiores pensadores apontando-o como o monstro que era. Os pensadores, coitados, ou fugiram do país ou foram mortos. O povo que achava que não analisou a coisa por si mesmo até hoje convive com as cicatrizes daquilo.<br /><br />Exagero? O número de vezes em que você ouviu "ah, é Brasil, é assim mesmo" é o quanto você foi exposto ao conformismo explícito. E um milésimo do quanto foi ao implícito.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-40819774856217235422011-03-14T22:51:00.006-03:002011-03-15T00:19:52.780-03:00Godzilla, a Síndrome da China e Honra.Para ler ao som de REM:<br />It's The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)<br />That's great, it starts with an earthquake...<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHL-JA-_Y0O1tDFwx6VRSZSwI5fcK7HwK9L8imjtncs-0rh9oB9CTw5h2qiIHwmd_-5u18gU8JcITnFn2rYp8EVVDvghVRfMZPtMhZQlJ_vrNngq3KB7gyU7b4-JBri9qDl24IBw/s1600/GodzillaPhotographC10102679.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHL-JA-_Y0O1tDFwx6VRSZSwI5fcK7HwK9L8imjtncs-0rh9oB9CTw5h2qiIHwmd_-5u18gU8JcITnFn2rYp8EVVDvghVRfMZPtMhZQlJ_vrNngq3KB7gyU7b4-JBri9qDl24IBw/s400/GodzillaPhotographC10102679.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5584141080218827394" /></a><br /><br />Quanto esta música foi lançada, o mundo acabara de passar por mais um de seus fins, o dos anos 1980, dos muitos desde a guerra fria (leia o post sobre isso em: http://biocenico.blogspot.com/2009/06/o-fim-do-mundo-ja-aconteceu-e-nao-nos.html ). O interessante é que agora a música soou friamente profética conforme o atual fim do mundo, o de 2012, se aproxima.<br /><br />Um clássico filme de 1979 chamado "A síndrome da China" em que a repórter com pretensões investigativas de Jane Fonda (ela, a engajada) investiga com seu cameraman rebelde-anos-70 (Michael Douglas em seu primeiro bom papel) as falcatruas que uma empresa fez para fraudar a fiscalização de segurança de uma usina nuclear. Um técnico do lugar, magistralmente encarnado por Jack Lemmon, resolve abrir o bico antes que ocorra a síndrome da China, isto é, o derretimento do núcleo atômico da usina que o faria derreter a crosta terrestre até chegar à China.<br /><br />Como Chernobil nos mostrou anos depois, quando um núcleo de usina desanda, a coisa toda voa, e não afunda. Alguém viu pedaços de teto de usina voando no Japão?<br /><br />Ok, todos falam agora do maremoto e do terremoto, fazer o quê, isso acontece (embora existam teóricos que digam que o degelo dos pólos está alterando a distribuição de peso nas placas tectônicas, o que eu acho exagero). E ao fundo, fala-se do risco de explosão de reatores nucleares que abastecem o Japão. Mas por que usar energia nuclear no Japão? Não tem grandes rios represáveis, não tem grandes fontes de combustíveis fósseis, não está disponível ainda tecnologia para criar energia em grande escala por fontes como energia do mar ou geotérmica. E claro, como país mais traumatizado com o poder do átomo, o Japão precisa conhecer este monstro.<br /><br />E traumatizado como é desde 1945, o poder da terceira maior economia do mundo (até a China ultrapassá-lo dia desses, a segunda) não foi suficiente para impedir que a trama do filme se repetisse. Segundo reportagem veiculada no Estadão de 13/03/11, a empresa que administra a Usina atualmente vigiada por repórteres do mundo todo, a maior empresa de energia do Japão, recebeu nada mais nada menos do que <span style="font-weight:bold;">VINTE E NOVE</span> CASOS de alterações em procedimentos de segurança, fora ACUSAÇÕES DE <span style="font-weight:bold;">FALSIFICAÇÃO e ADULTERAÇÃO</span> de dados.<br /><br />A usina de Fukushima Daiichi já expirou sua validade (aliás, agora chegou o tempo em que <span style="font-style:italic;">quase todas</span> as usinas nucleares do mundo já são prédios com décadas de uso constante sob condições extremas) mas alguém deu a ela mais dez anos de lambuja. Quem foi que revalidou esse prédio se ele foi reprovado na calibração? Claro, colocar a usina em um lugar vulnerável a tsunami e terremoto só foram a cereja do bolo.<br /><br />Nos anos 1950, as explosões nucleares de Hiroshima e Nagazaki afetaram um lagarto e o transformaram no rei dos monstros. Godzilla encarnou os temores nucleares do Japão como uma força absolutamente irracional que destruía sem remorso "a cultura mais tradicional do mundo", nas palavras de um certo carcaju de adamantium. <br /><br />E aí vem um executivo a fim de lucro cuidando da coisa mais perigosa do mundo como se fosse a lojinha de saquê do avô dele e falsifica laudos de segurança. Godzilla nasce do poder irracional do Iene, pisa impiedosa e destrutivamente na tradição de honra e senso de cidadania que fizeram do Japão a força que ele é hoje.<br /><br />Agora, Godzilla de terno e gravata arrisca tornar um cataclismo natural de pesadelo em um cataclismo de erro humano onde a radiação fará o papel de completar os espaços deixados em branco pelo terremoto no obituário. E claro, Godzilla nunca cogitou cometer haraquiri quando traiu a alma de seu país. O monstro irracional não tem honra que possa ser perdida.<br /><br />Talvez a usina tivesse os mesmos danos por conta da força do abalo? Talvez. Mas se a usina tivesse sido desativada quando chegou sua hora, anos atrás, e eu pudesse confiar nos laudos de segurança e nos dados sobre ela, seria mais fácil aceitar isso.<br /><br /><br />Obs: Uma versão mais recente (e americana) recriou o monstro em 1998 quando a França fez testes nucleares de superfície no atol de Mururoa alguns anos antes. E o visual do bicho ficou genial. E ano que vem, quando o mundo estiver prestes a acabar, vai sair mais um filme. E pelo visto, o horror nuclear que o originará é o de um tempo muito recente...Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-66772444210068042222011-03-01T22:26:00.003-03:002011-03-01T22:31:04.407-03:00ElektraPois é, o blog volta à vida. Mas antes de dedicar-me a assuntos mais sérios, um pequeno interlúdio de fã.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2Yb1Q9FzVct8lUjQXKpvR3Fhyr631qX9bMszXdTGkP-nnnNDaQSil9aXOVf-hSaBKwMfXd3U1eEhQnRt-R9JJsGo9eqeFKGcexMeSVdcIVPi_DAAprciGUCAXIeCWu5pWTDFPcw/s1600/elektra_assassin_03.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 273px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2Yb1Q9FzVct8lUjQXKpvR3Fhyr631qX9bMszXdTGkP-nnnNDaQSil9aXOVf-hSaBKwMfXd3U1eEhQnRt-R9JJsGo9eqeFKGcexMeSVdcIVPi_DAAprciGUCAXIeCWu5pWTDFPcw/s400/elektra_assassin_03.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5579289002884534338" /></a><br /><br />Em algum lugar na minha busca incessante por quadrinhos interessantes, e já satisfeito de Carl Barks, Hergé e Maurício de Souza, os quadrinhos mais vendidos do mundo bateram à minha porta.<br /><br />Na verdade foi culpa de um filme do Batman com uma publicidade absurda e uma imensa curiosidade mórbida adolescente por um mundo que, nas páginas, vinha estampado “leitura para adultos”. Eu tinha lá meus catorze, e achei tudo aquilo sinistro, sombrio, realista. Um mundo onde as pessoas morriam e vilões eram terrivelmente assustadores.<br /><br />Claro que eu li os grandes clássicos do morcegão, e tremi de medo do Coringa enfiando um tiro na coluna da Batgirl para provar sua teoria. E tremi de arrepio quando o Batman meteu a mão na cara do Super-homem que se tornara um joguete nas mãos do poder constituído. O grande astro desta era do morcego era Frank Miller, e logo em seguida (eu ainda não lera as obras supremas dele) eu admirava um tal de Alan Moore.<br /><br />E Frank tinha uma carta na manga. Alguns amigos meus á estavam versados no cara graças a outro personagem que ele transformou em um ícone, o Demolidor, da Marvel. Eu não era, e até hoje não sou, um grande admirador do jeito Marvel de quadrinhos, com raras exceções. Mas Miller era Miller, e li tudo que pude do Homem sem Medo, Matt Murdock, sob o disfarce do demônio ousado.<br /><br />Até que caiu em minhas mãos a história em que ele reencontra com uma ex-namorada que se tornou uma assassina de aluguel. Elektra.<br /><br />Anos depois soube que foi a primeira história que Miller roteirizou para a Marvel. Logo que teve a oportunidade, ele jogou o novaiorquino até o osso Matt Murdock em um mundo de ninjas, artes marciais e misticismo arcano oriental. E colocou a bomba envolvida e uma mulher de traços musculosos, poucas curvas e cara de que castraria qualquer um que tentasse alguma graça com ela. O oposto absoluto de todas as mulheres já retratadas em quadrinhos até ali.<br /><br />Elektra é a antítese da Mulher Maravilha ou das X-girls, de Lois Lane ou Barbarella. Depois de ler tudo que Miller fez com ela nas histórias do Demolidor, sua vida e morte, caiu em minhas mãos a síntese do que aquela personagem queria dizer ao mundo.<br /><br />Em “Elektra: Assassina”, toda aquela podridão de mundo escondida e atenuada nas outras coisas com advertência de “leitura para adultos” desaba com o peso de um Sartre de porre e um Nieztsche virado no cão. Sangue é o que menos chama a atenção. Temos traição, complexos freudianos, manipulação, conflitos políticos, um mal absoluto controlando o horror nuclear, hospícios cucarachas, estuprador virando herói, hippie virando monstro, maionese podre e uma ninja absolutamente assassina sem nenhuma hesitação em chacinar pessoas que estão do lado do bem para atingir seu objetivo de salvar o mundo por vingança.<br /><br />E de repente, o que falta no mundo é uma pitada de Elektra. O politicamente correto transformou essa criatura sem piedade em uma coisa insossa interpretada pela boneca-de-lábios-botox Jennifer Garner. <br /><br />Posteriormente, Miller a matou de vez (em “Elektra vive”) e foi se dedicar a petardos como “Sin City”, mas nunca superou-se como fez com “assassina”. Daí os executivos da Marvel a ressuscitaram ao melhor estilo X-men e deram-lhe curvas saborosas, preceitos morais caretas e arquiinimigos superpoderosos convencionais.<br /><br />Mas até hoje, Elektra é a maior personagem feminina já criada, e infelizmente foi esquecida atrás de uma versão sua de peitos enormes e profundidade de um pires.<br /><br />Volte, Elektra, e mate os executivos que fizeram isso com você.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-44709665863714291402010-12-15T22:42:00.010-02:002010-12-16T00:00:36.514-02:00Hatari!'Hatari' quer dizer perigo em Swahili.<br />E é o nome de um dos filmes icônicos da minha infância. Estrelado por John Wayne e a belíssima Elsa Martinelli, conta a história de um caçador que não caçava para matar, mas para abastecer zoológicos e circos do mundo com animais da savana africana.<br /><br />Isso me fez inventar uma série de personagens, junto com meu irmão, sobre caçadores que abasteciam um zoológico do fantástico, que era dirigido pela Cuca e duas sobrinhas dela, ahahahah. E claro, junto a dezenas de outros filmes e documentários na TV Cultura, colocou a África e suas savanas no meu imaginário para sempre.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr5ZT2co5zRuzROpt_EVLIGskv4gi2hpHmeQPN_5Qruf3Qv0GeWFeQuTm1xSiSmJMIEwaTHygzD-gUNRUKAoiYKdPtNRIqmQZW0YGMFiCqMvpEi1KVfQa5C6n4FWJwYQ7YCAZd0w/s1600/SA+%25281266%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr5ZT2co5zRuzROpt_EVLIGskv4gi2hpHmeQPN_5Qruf3Qv0GeWFeQuTm1xSiSmJMIEwaTHygzD-gUNRUKAoiYKdPtNRIqmQZW0YGMFiCqMvpEi1KVfQa5C6n4FWJwYQ7YCAZd0w/s320/SA+%25281266%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551089703049880322" /></a><br /><br />Olha o passo do elefantinho...<br /><br />E saí de Cape town para fazer aquilo que qualquer mortal em sã consciência deve fazer se pisa na África: um safári. Safári hoje em dia significa uma expedição de visualização e fotografia, andando para cima e para baixo por parques delimitados onde os animais valem mais vivos do que mortos.<br /><br />Safári antigamente era um jeito de todo europeu com pênis pequeno matar tudo que aparecesse pela frente para aumentar sua autoconsideração como macho. Como se fosse justo um homem com dez guias e carregadores nativos armado de um rifle do tamanho de um canhão atirar de longe em um bicho qualquer.<br /><br />"Ah, mas e como você chegou lá?"<br />Tá, em resumo: peguei um avião da Cidade do cabo pra Johannesburgo, passei a noite em uma pousada sem graça de um casal de chapados a lá hippies muito simpáticos que deixavam ela nas mãos de um fóssil da época dos bôeres que se mostrou a pior pessoa que conheci em todo meu tempo lá. Além de certamente ter lutado na guerra dos holandeses contra os ingleses no século XIX, ele ainda espelhava o ar de conflito latente constante que há na cidade. Johannesburgo é um pesadelo em comparação com a Cidade do Cabo.<br /><br />E o povo da empresa de turismo me pegou na pousada e me levou pro Kruger park para meu safári. Tudo lindo, até que descobri que o grupo na van ia fazer outro tipo de safári, e que o meu, pacote "adventure", não tinha mais ninguém. Fiquei sozinho durante todos os dias com o guia, Israel, uma figura que falava com um sotaque zulu absurdo mas tinha olhos que encontravam qualquer coisa que respirasse na mata.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGAiumT2CUWTAg746cwoInBY7MLodGyPnm9RRx4fxonMBaFX7SEhWp1XtBM1Pp0r_WYywkliN9vL1I4kkLudlKhFA4B7ft6i1bX9G1S7atVUoBqiAVyqMv8enSMirfyvvzUJwi_Q/s1600/SA+%25281297%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGAiumT2CUWTAg746cwoInBY7MLodGyPnm9RRx4fxonMBaFX7SEhWp1XtBM1Pp0r_WYywkliN9vL1I4kkLudlKhFA4B7ft6i1bX9G1S7atVUoBqiAVyqMv8enSMirfyvvzUJwi_Q/s200/SA+%25281297%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551090245684361666" /></a><br /><br />O safári moderno trouxe do antigo o conceito dos "big five", os cinco animais mais nobres para serem caçados (hoje, vistos/fotografados): O leão, o elefante, o búfalo, o leopardo e o rinoceronte. Claro, tem os cinco de Tudo nos livretos turísticos: aves, árvores, filhotes, lugares, insetos...<br /><br />E lá fomos nós. Um safári é andar num carro aberto procurando bicho. Só isso, mas meu pacote incluía dormir nos campings ultraorganizados dentro do parque, um passeio noturno e um jantar típico no final (O Kruger é um dos maiores parques da África, um dos mais famosos e mais organizados).<br /><br />Logo no primeiro dia, vimos 4 dos 5 grandes. E não é difícil, embora leões quase nunca fiquem perto das estradas (eles não tem medo dos carros. Eles procuram lugares com sombra durante o dia). Gnus foram mais difíceis de encontrar. E logo de cara, ouvi que "man, leopards are very rare to find with just three days driving through the park". Mesmo na época em que fui, quando ainda está seco e as árvores estão com pouquíssimas folhas.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLmFWkb6oSKijzpxstTSWJy9P1OOOOAW_WIv9mzpi8fUT1RVoWSmDCgZzjTMopjGUP2X7-wZfv9A_ir0hReOm93Eh7Mh0QNXTYO1Qoq5kbTdS0mYnUOH5Vc2dTqV59BukogNRdzQ/s1600/SA+%25281645%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLmFWkb6oSKijzpxstTSWJy9P1OOOOAW_WIv9mzpi8fUT1RVoWSmDCgZzjTMopjGUP2X7-wZfv9A_ir0hReOm93Eh7Mh0QNXTYO1Qoq5kbTdS0mYnUOH5Vc2dTqV59BukogNRdzQ/s200/SA+%25281645%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551092011403078754" /></a><br /><br />O mais fácil de achar eram elefantes. Por onde passa uma manda de elefantes fica como se passasse uma manada de elefantes por ali. Sem elefantes, não tem savana. Sem savana, nada de bichos grandes para todo lado. É por não ter nada equivalente a elefantes que nenhum lugar do mundo tem uma megafauna tão rica quanto a África.<br /><br />Vou resumir tudo em uma coisa: foi um êxtase místico. É absurdo, a melhor coisa que eu já fiz por mim mesmo. Fiquei com medo das hienas rondando os campings, demorei para entender por que todo mundo no safári noturno gritou "Cobra" ao invés de "Snake" (por que "Cobra" em inglês significa Naja!), vi o bicho que eu mais ansiava quatro vezes (Rinocerontes são lindos. São fantásticos. São majestosos. São os animais mais ameaçados pela caça ilegal).<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM_tvJCGxu1hJbCSFR6-fRSPo3JkwtkyHpJkoJxdqhXOgJbc8qneFlP8PRk3Bk-oTuXC5JV4f1J71CZZQEC4fFO3dHNQt1LBryc9BkfImbZNfyOGwAEK9u7Ftjq9XrmtJoozF05A/s1600/SA+%25281647%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM_tvJCGxu1hJbCSFR6-fRSPo3JkwtkyHpJkoJxdqhXOgJbc8qneFlP8PRk3Bk-oTuXC5JV4f1J71CZZQEC4fFO3dHNQt1LBryc9BkfImbZNfyOGwAEK9u7Ftjq9XrmtJoozF05A/s200/SA+%25281647%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551090984342926578" /></a><br /><br />E no último dia, depois que já havíamos passado pela recepção do parque e estávamos a uns 500 metros do portão de saída, o guia gritou: Leopardo! E lá estava o mais esquivo dos cinco grandes, o felino de maior distribuição geográfica do mundo.<br /><br />E depois de tudo isso, a realidade bateu forte na cara. O jantar típico da empresa de safári foi mais pobre que marmita de bóia fria. A volta do parque foi um inferno por causa do motorista mau humorado da van, o africâner fóssil quase me fez perder o vôo, e cheguei em São Paulo com aquela chuva típica que faz o trânsito típico das piadas sobre a cidade.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqAhb_lHe2ot4AtL5kWbyfHIcu8tvSMUGdQP5aHvH4mZAJ8H1-RaG_7WA2l3rrf70gA3bNySUmkYuaBSCbkix0LM-FegbQKEWh7oe7e4Kys9Q8nli1ECXK2lVHffZlfZV28GrIfA/s1600/SA+%25281707%2529.JPG"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqAhb_lHe2ot4AtL5kWbyfHIcu8tvSMUGdQP5aHvH4mZAJ8H1-RaG_7WA2l3rrf70gA3bNySUmkYuaBSCbkix0LM-FegbQKEWh7oe7e4Kys9Q8nli1ECXK2lVHffZlfZV28GrIfA/s200/SA+%25281707%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551093307265988338" /></a><br /><br />Mas quer saber, valeu a pena cada segundo. Dizem que quando você sai da cidade do Cabo e ela está chorando nuvens, você vai voltar para lá. Isso aconteceu. E quando saí do Kruger, começava a primeira chuva da temporada, trazendo o ciclo de verde de volta para a savana.<br /><br />I bless the rains down in Africa...Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-58620870632288570612010-12-09T19:10:00.007-02:002010-12-09T19:45:04.876-02:00Bye, Cape!Cape town é um dos lugares mais bonitos do mundo e eu não preciso ir para o mundo todo para afirmar isso. Minha certeza se deve ao fato de que há tanta coisa para se ver, provar, descobrir e experimentar em um raio de duas horas do centro da cidade que é impossível que isso se repita em muitos lugares do mundo.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQSpFFxk_PwPIp970O0RfYc2wCEXSTzw3fHrIODWZCgGJaZ-7dAkvLY5w5ftFqIzS1ZQua74PzXgGNFHhCjonNakBJx8m13DqFsCGv7q1bBaq8DeqDp3iBy2toLNr5iOFVOWgaJw/s1600/SA+%25281135%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQSpFFxk_PwPIp970O0RfYc2wCEXSTzw3fHrIODWZCgGJaZ-7dAkvLY5w5ftFqIzS1ZQua74PzXgGNFHhCjonNakBJx8m13DqFsCGv7q1bBaq8DeqDp3iBy2toLNr5iOFVOWgaJw/s320/SA+%25281135%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5548797948804567970" /></a><br />Pôr do Sol no topo da montanha. Abaixo está a praia mais famosa do país, Camps bay, que não chega aos pés de qualquer praia regular de Floripa ou do Espírito santo.<br />Mas você deve considerar que eu sou biólogo, admiro manifestações culturais, adoro vinho e me meto em qualquer roubada que garanta alguma diversão bizarra fora dos padrões. E sou contra viagens onde comprar e fazer pose sejam mais importantes do que se jogar no barro para ver uma pedra esquisita.<br /><br />Então foi com imensa dor que chegou minha última semana na cidade do Cabo. O curso? Ah, i´d love to enjoy it once more, someday. And I´ve made fantastic friends from all over the world. Rasgação de seda à parte, é importante lembrar que há basicamente dois tipos de cursos no estilo: escolas pequenas para intensivos sérios, e escolas imensas onde a sociabilização é o fator principal. Estas últimas são mais adequadas para quem tem muito tempo e se dispõe a ter coragem pra falar "não" o tempo todos para os pentelhos que falam a sua língua.<br /><br />Assim, eu tinha pouco tempo e fui pela primeira opção. E descobriq eu se fosse na segunda provavelmente arrumaria inimigos de tantos "Não, eu não quero falar o maldito português aqui, seu pivete filho de papai cretino" que eu falaria.<br /><br />Na última semana, teve de tudo: o Two Oceans aquarium (simples, de um bom gosto incrível e ambientalmente riquíssimo), a Montanha da Mesa (símbolo da cidade e que deve ser conhecido logo na primeira hora em que se está na cidade, teria me dado outra perspectiva de tudo), V&A Waterfront, almoço típico na escola, churrasco-balada surtado na casa da professora maluca, passeios pelo centro da cidade, compras e mais compras de souvenires.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu31btKn1h5q2pSDmLA6G-P6nDTGfohaxCJb_ZdIKj0WGU0K2R40FG_bLurYLEMaWtG6ZqeHaxy5bfw9L7FcM1kcKh-G0OlM7t54vYwEjMqR_sXlmbjMWV-nuHr0romy8YzAUWqw/s1600/SA+%25281022%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu31btKn1h5q2pSDmLA6G-P6nDTGfohaxCJb_ZdIKj0WGU0K2R40FG_bLurYLEMaWtG6ZqeHaxy5bfw9L7FcM1kcKh-G0OlM7t54vYwEjMqR_sXlmbjMWV-nuHr0romy8YzAUWqw/s320/SA+%25281022%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5548799791571852658" /></a><br />Elas enfim apareceram no porto!<br /><br />No final das contas, o aprendizado superou as expectativas e as amizades, que nem eram esperadas, foram um passo importantíssimo. Agora, o mais estranho foi o número de pessoas que conheci que queriam imigrar para lá, meio que iludidas com a organização da cidade e esquecendo de que isso não é sinônimo de crescimento econômico ou algo que o valha.<br /><br />Uma cidade onde não se vê tanto lixo no chão impressiona, mas só cego não percebe que não se pode andar no centro às seis da tarde com segurança e a um quilômetro dele estão favelas onde moram uns 3/5 da cidade e onde as taxas de HIV positivo são absurdas e a miséria coloca o sertão nordestino no chinelo. <br /><br />Impossível condensar tudo, mas prometo fazer um guia "África do Sul em 50 dicas" ou algo do tipo. Vão ser mais do que 50, é certo.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-41237225746330707842010-11-20T22:41:00.006-02:002010-11-20T23:19:09.210-02:00Jaws!Já estou de volta ao Brasil há um mês, e desistira de postar coisas enquanto estava lá na África do Sul por conta da terrível conexão das lan-houses de lá.<br /><br />Mas para terminar o show, claro que pelo menos mais duas postagens precisam ser feitas além dessa.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTuF-2N-2t23JoEHW-CI9br-tnfh7FoDF1wTurf77zZ2C8TGnFDZ2oRiSswLA1YfJe98hKALvilEL5cW6h-ADHHunB5qAAWcW8898QR3o8L4_y899E_7QEJSTgkGSu9kXnYjSOhA/s1600/SA+%2528767%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTuF-2N-2t23JoEHW-CI9br-tnfh7FoDF1wTurf77zZ2C8TGnFDZ2oRiSswLA1YfJe98hKALvilEL5cW6h-ADHHunB5qAAWcW8898QR3o8L4_y899E_7QEJSTgkGSu9kXnYjSOhA/s320/SA+%2528767%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5541799125276839554" /></a><br /><br />Bom, meus fins de semana eram extremamente importantes pois permitiam fazer as grandes coisas. Na semana, com aula o dia inteiro, não sobrava tempo para nada. No FDS entre 24 e 26 foi algo a mais, quando veio um feriado! E caiu em uma sexta feira, olha que maravilha. O feriado, Heritage day, é algo equivalente ao dia de ação de graças americano no espírito, mas de significado único: é o dia de celebrar as heranças culturais, naturais e espirituais da Terra deles, e é apelidado carinhosamente de "Braai day". Braai, no linguajar sul-africano, é churrasco!<br /><br />E no Braai day, uma das professoras levou 4 diletos alunos para passear pelas vinícolas!<br /><br />As vinícolas sul-africanas tem MUITO a ensinar para a pobre região dos vinhedos gaúchos. Todas são preparadas para receber turistas por um preço justo, com atendimento de primeira e elegância na medida certa.<br /><br />E muitas destacam-se pela responsabilidade além da qualidade dos vinhos. A primeira que visitamos, Spiers (guardem esse nome, e tomem-no quando puderem) sustenta um projeto de reabilitação de aves de rapina e outro de recuperação de guepardos!<br /><br />Dá pra imaginar que eu não liguei para os vinhos...<br /><br />Toda a região vinícola de Stellenbosch deve sustentar metade do país com suas exportações de vinhos, seu turismo que atrai gente do mundo todo graças a eles e a suas paisagens fantásticas e seu comércio de alta classe consistente.<br /><br />Mas isso não foi o principal do FDS. No dia seguinte, fui ver tubarões brancos em Gaansbai, a meca do grande branco.<br />Há uma imensa polêmica acerca dos mergulhos com tubarões brancos. Uma de minhas professoras insistia para que eu não fizesse o mergulho de forma alguma pois a atividade fazia com que os tubarões supostamente relacionassem a presença humana com comida (a isca de caldo de peixe deve atrair tubarões de todo o hemisfério para o barco) e isso estaria aumentando o número de ataques a humanos no litoral. Não são raros os casos de ataques ali.<br /><br />Por outro lado, o mergulho faz com que cidades inteiras ganhem sustento, preservem seus mares e tornam o tubarão branco, um dos peixes predadores mais ameaçados do mundo, em algo mais valioso vivo do que morto. E eu fui!<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi05sHGca0ScGldnksg6EYJuSc-NDpt-Y3DiB4WZp8emJwtNHGMAPBa9s4eHPM5sFdDg6Tjz7m-UlJEZv5Qm2VHxYtPwrqNvG5ytXEI4jtGMLd2YH5IMbcrg2l85Xbdt0N3EEpN9Q/s1600/SA+%2528891%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi05sHGca0ScGldnksg6EYJuSc-NDpt-Y3DiB4WZp8emJwtNHGMAPBa9s4eHPM5sFdDg6Tjz7m-UlJEZv5Qm2VHxYtPwrqNvG5ytXEI4jtGMLd2YH5IMbcrg2l85Xbdt0N3EEpN9Q/s320/SA+%2528891%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5541802603941299026" /></a><br /><br />E eu fiquei no cantinho da gaiola aí em cima...<br /><br />Apareceram três tubarões no mergulho. A primeira, uma fêmea de uns 3,5 metros, fez com que quase um terço de quem estava no barco desistisse de entrar na gaiola. Apesar da água geladíssima (por volta de 11ºC) ficar ali na gaiola é mais seguro do que saltar de bungee jump, de paraquedas ou quase todos os esportes radicais que você já ouviu falar.<br /><br />Mas quando você, ser terrestre incompetente para nadar afundado ao lado de um predador que está há uns 300 milhões de anos se tornando o melhor naquilo que faz, se toca da situação... meu caro, frio da água nem se compara com o da sua espinha. <br /><br />Um segundo tubarão, de talvez dois metros, mal ficou por perto, saiu de perto antes de topar com a grande fêmea. E o terceiro, um nervosinho de uns 2,5 metros e que aparece na foto, deu a maior parte das boas fotos de todos no barco. Mordeu a gaiola para experimentar, nadou rente ao barco... enfim, deu show. A agilidade, imponência e graça dele faz com que imediatamente esqueçamos do monstro desajeitado e feio retratado por Spielberg no filme "Jaws" (que significa mandíbula, e não tubarão. Grande filme, mas nada mais distante da realidade que há no bicho).<br /><br />Nem tudo é preocupação em um passeio destes. Ao fim, após um êxtase que superou a visualização das baleias em muito, voltamos para a base sem nada querendo sair do estômago e vimos o DVD que a companhia gravou conosco no barco (lógico que eu trouxe uma cópia). Um dia perfeito, antecedido de outro. E quase me fez esquecer que, a esta altura, eu já estava quase no fim do meu tempo na Cidade do Cabo.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-50089873403124132042010-09-25T12:52:00.003-03:002010-11-15T17:28:28.607-02:00O bem e o mal<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5CgsYZUOUSo4RCNHO3wrZHgfo4TnKCC6ImadhyphenhyphenXztbFNA79gXbVJE8Tch9h1T5Ma61R6bOEc3JsI_L44hAB6QmKSTldVu98LKN_De_NepOrP0SsFM2pH4kqfEwrmmMPkTO7HfLg/s1600/SA+%2528553%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5CgsYZUOUSo4RCNHO3wrZHgfo4TnKCC6ImadhyphenhyphenXztbFNA79gXbVJE8Tch9h1T5Ma61R6bOEc3JsI_L44hAB6QmKSTldVu98LKN_De_NepOrP0SsFM2pH4kqfEwrmmMPkTO7HfLg/s320/SA+%2528553%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5539857964229160146" /></a><br /><br />Semana passada tive a melhor e a pior experiência até agora aqui na África do Sul.<br /><br />Fui eu, a Juliene (a tia alemã surtada) e a Mirian (a suiça gnomo) junto a turistas do mundo todo (mas essencialmente da europa) e um guia (nascido em uma das favelas da época do Apartheid e que falava mais do que o homem da cobra. Me esclareceu muito sobre o sentimento atual da sociedade) para ver baleias em Hermanus, uma cidade a 2 horas da Cidade do Cabo. Na Baía de Hermanus, de agosto a outubro, baleias francas de todo o hemisfério sul se encontram para acasalar e bater altos papos sobre como foi o ano. E lá fui eu ver baleias pela primeira vez na vida.<br /><br />Hermanus é uma cidade muito bonita, com típica cara de balneário caro, e também uma armadilha para turistas. E ela sim é uma legítima representante do atual estado das coisas na África do Sul. Faz parte da região politicamente controlada pelos partidos brancos, isto é, pela direita. Sim, a África do Sul vive um pesadelo político onde os brancos se confundem com a direita e os negros com a esquerda.<br /><br />E entrei no barco, automaticamente fui consagrado o brasileiro manja-tudo-de-futebol pelo capitão histérico (ele gritava como louco cada vez que se via uma baleia). O estômago reclamou mas cheguei la.<br /><br />E alguns minutos depois de acharmos a primeira baleia e desligar-se o motor do barco (ele só pode chegar a 300 metros delas), ela veio para nos ver!<br /><br />Logo, outras 3 apareceram (!!!!!). Talvez uma femea e 3 pretendentes. Nao posso nem descrever o tamanho da minha alegria, mas te garanto, o barco era pequeno pra ela. Mas as baleias... maiores. Maiores mesmo!<br /><br />Elas ficaram ao nosso redor mais ou menos 60 minutos. Ora nos observavam interessadas, ora sumiam pra fazer outra coisa. Mas se despediram com um aceno coletivo (não, eu não estou brincando. Todas elas mergulharam deitando de lado e levantando as nadadeiras) e sumiram. E a volta sim foi um inferno pro estômago. Pessoas, sempre tenham um chiclete à mão. Ajuda a segurar a barra!<br /><br />E de volta a praia, deixados à solta pela avenida que parece um shopping a céu aberto na beira-mar, lá fui eu ver na feirinha chique uma banca onde vendiam fósseis de dentes de tubarão e amonites (a venda desses fósseis aqui é comum). E pronto, meu dia de êxtase místico foi pro saco.<br /><br />Ja estava com 2 dentes e uma amonite na mão quando, claro, comecei a barganhar com a mulher. Ser turista e falar mal a língua tem suas vantagens e a conversa foi fácil. Ela me deu uns 15% de desconto e, pra completar, acrescentou algo mais ou menos como "Sabe, nao posso dar mais desconto como fazem os pretos aí do lado, que acabam com os negócios fazendo isso. Esse povo não sabe manter negócio como gente".<br /><br />Eu demorei uns trinta segundos para digerir o que ela havia dito, não por que não entendi, mas por que não tinha cabimento um ser humano dizer uma coisa daquelas! PÔ! Eu sou brasileiro, tem racismo aqui sim, mas nada que eu já tenha ouvido na minha vida chegou perto do que aquela mulher disse.<br /><br />Eu dei as costas pra ela, pegando meu dinheiro da mão dela e deixando lá as coisas, e fui comprar algo na banquinha do lado. A dos pretos. A que me fez exatamente o mesmo desconto.<br /><br />Pois é. Do céu ao inferno em meia hora.<br /><br />De lá, fui almoçar num restaurante à cubana (como eu disse, tem típico tudo, menos típico africano ali) e aproveitei o final da excursão para fotografar obcecadamente um Hirax que estava fazendo a toalete diária nas rochas. O Hirax é um parente distante do elefante, embora pareça-se com um coelho sem orelhas compridas. Super comuns na África do Sul, com suas montanhas de rocha nua perfeitas para eles.<br /><br />O Hirax está para o elefante como a humanidade está para as baleias. Muito, mas muito atrás na evolução.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-76874140635194552372010-09-12T14:25:00.007-03:002010-11-15T16:59:53.925-02:00Mandela day<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEithaJ_W2Tzvn7iujQvz4a5i6XUF-3d9Eqlo-ysqTlYayPTO6gkYJlINex_QC_pJN2mzXUKWlghB8udU_fU6A9yeI0GUSQBgx2sLGAN8JvFeTAncFGQ8qwDf5ZtQPcj5LAfkp5acA/s1600/SA+%2528184%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEithaJ_W2Tzvn7iujQvz4a5i6XUF-3d9Eqlo-ysqTlYayPTO6gkYJlINex_QC_pJN2mzXUKWlghB8udU_fU6A9yeI0GUSQBgx2sLGAN8JvFeTAncFGQ8qwDf5ZtQPcj5LAfkp5acA/s320/SA+%2528184%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5539852995299734994" /></a><br /><br /><br />E hoje eu fui visitar Robben island (algo como "ilha dos ladrões" em Afrikaner), a mais famosa prisão política da história recente. E foi lá que Mandela passou a maior parte do seu tempo preso pelo regime político-terrorista chamado Apartheid.<br /><br />A experiência é poderosa. Claro, como tudo, Mandela virou um grande negócio, e com as visitas não é diferente. Um lindo catamarã leva, acho, umas duzentas pessoas em cada uma das 4 viagens diárias, e sempre cheio nos fins de semana. Há montes de quinquilharias e lembrancinhas (quase comprei um Desmond Tutu de pano) Claro, parte do chique porto chamado Waterfront, o equivalente daqui ao Corcovado e suas turistices.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinh-v_qj7k7veMz5P_FeLxk1hUGLj9EF4Fh8UTTcW8iNTFRm_2CkLjpU_huXs3Rs463djJfpmtta8HLZJF6Xr1fB21Y_sVnflz16oJb-drn8owE8MKnzn-v2WU-yK6NieavFhEaw/s1600/SA+%2528181%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 81px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinh-v_qj7k7veMz5P_FeLxk1hUGLj9EF4Fh8UTTcW8iNTFRm_2CkLjpU_huXs3Rs463djJfpmtta8HLZJF6Xr1fB21Y_sVnflz16oJb-drn8owE8MKnzn-v2WU-yK6NieavFhEaw/s320/SA+%2528181%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5539852177682909026" /></a><br /><br />Cinismo a parte, falei com um grupinho, descobri que escolas pedem a seus alunos que façam trabalhos sobre a visita (o grupo tinha estudantes de toda a África do Sul). Uma outra guria falou sobre o quão diferente Capetown é do resto do país, e que se tornou uma espécie de modelo para o restante.<br /><br />Confirmando minha impressão de que julgar a África do Sul por Cape Town é mais ou menos a mesma coisa que julgar o Brasil por Florianópolis ou Curitiba.<br /><br />E a ilha: preservada pra caramba, mas dessa vez, o que me chamou mesmo a atenção foi o fator humano. Guiado pelo genial Zozo, um ex-preso político, e possível sentir o horror daquilo tudo. Mas aparentemente as prisões políticas do Brasil eram piores. Zozo era preso político comum, mas conhecia, gracas aos momentos de trabalho forçados na pedreira, todos os grandes líderes, que eram mantidos em uma ala separada apenas com solitárias.<br /><br />A pedreira, é dito, foi o primeiro parlamento democrático verdadeiro da África do Sul. Robben Island ficou conhecida como "a universidade", pois ali os presos de diferentes organizações trocavam idéias, ensinavam os mais jovens, montavam a nação livre em suas cabeça, planejavam a futura constituição.<br /><br />Detalhe curioso: no Brasil, quando fizeram uma prisão em uma ilha e enfiaram presos políticos nela, misturaram presos comuns e disso nasceram organizações criminosas no Brasil. Lá, eles se preveniram. Robben Island só tinha preso político!<br /><br />O tempo limitado da lan house nao permite entrar em detalhes... mas creiam, valeu muito a pena. Vamos convir, custou o equivalente a uns 40 reais. Vale muito mais do que isso!Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-87897176555148179862010-09-09T15:54:00.004-03:002010-11-15T17:42:44.532-02:00Little diferences<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEik1_zl2XFP_YzBh83P4ufWoo2Bo-NfVd6guOlpb7dNxnha2dedSPVqdZjGWN4pGah_0GgeD8LQxcRtC93N6VncLVjPC6lNn23vr7wSc3CRcl7_p6xFEBIdrxhyphenhyphenkwMwRzSxzY5mhA/s1600/SA+%2528280%2529.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEik1_zl2XFP_YzBh83P4ufWoo2Bo-NfVd6guOlpb7dNxnha2dedSPVqdZjGWN4pGah_0GgeD8LQxcRtC93N6VncLVjPC6lNn23vr7wSc3CRcl7_p6xFEBIdrxhyphenhyphenkwMwRzSxzY5mhA/s320/SA+%2528280%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5539861582045183490" /></a><br /><br /><br />A Cidade do Cabo e região é mais ou menos como a parte sudeste do Brasil: mais moderna e aberta do que o resto do país, sofre com certas regionalidades e preconceitos de primo rico. Camps bay, por exemplo, a vila Olímpia da cidade, e repleta de descendentes de ingleses que nao suportam "aqueles outros pobres", os negros e os descendentes de Holandeses.<br /><br />A impressão é a seguinte: os vilões de filme, aqueles racistões que no final da aventura explodem, são em geral descendentes de holandeses. Os descendentes de ingleses não ligam tanto pra sua raça, contanto que você não seja pobre (isso é muito paulista de classe mérdia da parte deles). Ainda bem que isso não é uma regra, e sim as exceções que marcam o estereótipo. Dado que a Cidade do Cabo é predominantemente inglesa, aqui tem um problema de raça menor do que no resto do país.<br /><br />As diferentes etnias negras recuperam aos poucos seus traços culturais diferenciados, após anos tratados como iguais. Em geral, lidam com o problema como "nós vivendo com eles", embora existam importantes líderes que tratem o problema pelo péssimo ângulo do "eles invadiram nossa terra". Os Zulus e os Xhosa (etnia da qual descende Mandela) aparentam lidar melhor com a questão de sua própria cultura aqui na região.<br /><br />Nao obstante essa bagunça absolutamente diversa da nossa brasilidade, existe uma série de diferenças corriqueiras engraçadas entre os mundos. Estou em um bairro bem legal, mas todo o comércio é de bairro, nada como as grandes lojas de Santana ou megamercados. A frota de carros tem uma variedade que os brasileiros, viciados na antiga autolatina, levaremos anos para alcancar. A comida parece anos-luz atras da nossa. Nada de comida por quilo ou pequenos e bons restaurantes. Ou é fast-food, ou é chique. E quase tudo é "típico": grego, japonês, coreano, português, hindu... mas nada sul-africano!<br />Mas tem um crocoburguer que estou ansioso pra ir comer!Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-73896799744369396352010-09-07T11:05:00.006-03:002010-11-15T16:32:19.436-02:00A aulaVou sofrer menos do que pensava para entender, mas mais para me fazer entender.<br /><br />As aulas obrigam a falar e a mente hoje doeu menos do que ontem para criar frase em inglês, eh eh. Segundo a professora Linda, a inglesa, depois de cada aula eu tenho o seguinte "out-homework": andar pela orla para espairecer e dar tempo á mente para absorver a aula sem doer. E não é que funciona?<br /><br />Mas claro que o mundo nos avisa, e ao fim de quatro horas de aula ontem, durante o almoço, um Íbis verde escuro passou do mau lado forrageando numa boa pela grama.<br />Para quem não lembra, o Deus da escrita, da comunicação e da sabedoria no Egito, Toth, tem a cabeça de um Íbis.<br /><br />Dormi mais tranquilo om isso!<br /><br />E feliz dia da independência! Estou em um país que está a menos de vinte anos em uma situacao normal, mas aqui as pessoas param para você atravessar a rua, não jogam papel no chão e sabem que felino grande vivo vale mais do que felino grande morto.<br /><br />Tem algo de errado na forma como o Brasil se tornou uma democracia e ganhou sua independência. Nós não consideramo-nos donos do nosso país. Aquele espírito de ser apenas um visitante nos faz tratar nossa abençoadíssima Terra como apenas um quarto de motel fuleiro.<br /><br />Cidadania é artigo de série aqui, e isso me dá ganas de trucidar cada cretino que joga papelzinho no chão.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-9774660785370868562010-09-05T06:45:00.006-03:002010-11-15T16:31:33.497-02:00Primeiras impressoesOk, quando eu voltar pra casa a primeira coisa a fazer sera colocar acentos nisso tudo, ja que os teclados daqui nao tem esse luxo.<br /><br />Estou a doze horas em Capetown. por enquanto me parece sossegada, mas ja notei que nao se pode ficar de bobeira, mais ou menos como andar pelo centro d de São Paulo. O lugar é bonito pacas, mas ainda nao me inspirei para escrever de uma forma mais critica e/ou poética.<br /><br />Por enquanto, o que me chamou a atencao foi: 1 - o Mandela é cultuado aqui. Mesmo! Eu nao fazia ideia de que a coisa era tão forte. 2 - as pessoas estao amando futebol e a copa do mundo foi incrivel para todos, mas os turistas brasileiros tiveram má fama (atrás dos franceses e dos argentinos, kkkkk) 3 - até que me viro bem em inglês 4 - as tomadas são bizarras, com um padrão exclusivo daqui 5 - tem algo de muito americano do interior no jeito das coisas aqui, aquele lance meio brega, e meu café da manhã foi de ovos com torrada, café solúvel e creme de amendoim 6 - tem gaivotas gritando o tempo todo 7 - nas pedras da praia nao tem caranguejo!!!! 8 - negros tem mais sotaque africano do que brancos, e este aumenta com a idade. O jeito de falar daqui dos negros mais jovens e dos brancos parece o americano, mas os brancos idosos que vi falam Africaner. Os negros sao mais simpáticos do que os brancos, ou pelo menos mais abertos a conversar.<br /><br />Vamos ver se consigo atualizar isso aqui com alguma frequência. E agora, preciso arrumar um adaptador e um recarregador de pilhas 220!<br /><br />PS: o Kalahari visto do avião foi incrível.<br />`Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-56332967490461331202010-09-01T22:32:00.004-03:002010-09-01T23:07:23.416-03:00Hephaestus!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfFYDrM-1HkaqW-4QdsW2pWavzZHlQSfa1wvo9WG48c-wZLV0yNgU5AVZT3E9iGzCyX5zVlNsxWtaxc8OKVDYhHR79n3FO5Asbu7alEjlzubMU52ZvhPNiHDZXxMLO69Fn2tYFwg/s1600/hephaestus_2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 252px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfFYDrM-1HkaqW-4QdsW2pWavzZHlQSfa1wvo9WG48c-wZLV0yNgU5AVZT3E9iGzCyX5zVlNsxWtaxc8OKVDYhHR79n3FO5Asbu7alEjlzubMU52ZvhPNiHDZXxMLO69Fn2tYFwg/s320/hephaestus_2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5512123520966726610" /></a><br /><br /><br />Hefesto é o deus do fogo, do trabalho, dos ferreiros. E talvez o menos comentado de todos os doze grandes Deuses Olímpicos. Dia 23 de agosto foi o dia dedicado a Ele, e foi estranha a forma como este Deus se imiscuiu em tudo aquilo que fiz este mês.<br /><br />Tudo surgiu quando eu pensava nos ciclopes. Havia acabado de ler pela enésima vez a descrição resumida das aventuras de Odisseu (também e mais popularmente chamado pelo nome latino Ulisses)onde ele cega o monstro que prendeu e aos poucos devorava sua tripulação. O ciclope Polifemo é apenas um de muitos de sua raça. A maioria trabalhava nas fornalhas sob os vulcões do mundo, comandados por um Deus.<br /><br />Na fornalha que Hefesto fez com o monte Vesúvio (ou o Etna, conforme a versão) criou as mais fantásticas armas já vistas. O escudo e os raios de Zeus, o tridente de Poseidon, a armadura de Héracles e praticamente todos os instrumentos de poder dos Deuses. Como símbolo do esforço, Hefesto mostra seu valor através de sua obra mesmo tendo sofrido preconceito e humilhações de outros Deuses. Hefesto é descrito como feio e coxo, em um lugar onde todos são a perfeição.<br /><br />Pouco a pouco, Hefesto fez cada um dos Deuses lhe deverem favores. Se vingou quando sua esposa Afrodite o traiu com Ares, Deus da guerra, e acabou se unindo a uma das três graças.<br /><br />E embora Hefesto pouco apareça na maioria dos mitos, é por ser ele o único Deus que trabalha com uma equipe, que cria obras como as fantásticas criadas de metal que serviam em seu palácio de bronze e as já citadas armas e proteções de Deuses e SemiDeuses. Hefesto é o mais próximo dos humanos, e unir o poder sobre o fogo, a criatividade, a ciência e o trabalho é mais humano ainda.<br /><br />Ares, quando consegue os favores de Afrodite, representa o garotão que está dando sopa quando o marido está afogando-se em trabalho? Ou Hefesto é aquele que trabalha demais por quem não o merece? Afrodite é uma mulher abandonada ou traidora?<br /><br />Hefesto revela as mais poderosas criações humanas, o poder da persistência, do fogo que brota ao nosso redor e pode ser convertido em nossa ferramenta para galgar o Olimpo de nossas alegrias.<br /><br />Ele é, sim, o Deus do fogo, do trabalho (também em equipe), do esforço. Ele nos traz a luz quando bate com seu martelo na forja e cria os raios. De sua sabedoria, ciência e força dependem os demais Deuses para operarem no plano dos mortais. Hefesto é o Deus que se manifestou para a criação da era da máquina, que trouxe o computador e as naves espaciais para o homem. Ao lado de Prometeu, um Titã, é o patrono daquilo que faz dos homens os senhores de si mesmos.<br /><br />Basta que eles aprendam também que o trabalho é contrário à guerra.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-42206606600058915392010-08-05T21:37:00.003-03:002010-08-05T22:25:55.342-03:00Onde os fracos não tem vez (2º parte).O título do filme oscarizado é melhor do que o final do mesmo (é um PUTA filme... até seus dez minutos finais), e de novo serve como título de uma postagem anti-fraqueza.<br /><br />Vai estrear o mais-do-que-esperado filme novo de Sly (para quem não esteve no planeta cinema recentemente, Sly = Silvester Stallone). O seu longa "Os mercenários" reúne a nata da pancadaria (com direito a participações especiais de Schwarzenegger e Bruce Willis) para fazer um novo filme dos anos 80: Bando de durões com armas gigantes lutando contra um país emulado de Cuba.<br /><br />É, essa é a trama. Uns mil filmes usaram-na naqueles longínquos tempos de guerra fria. É de espantar que os americanos ainda tem medo dos ditadores da América Latina, agora repaginados como Chávez e Zelaya. Estamos em uma nova fase de horror ao comunismo ou é impressão minha?<br /><br />Pancadarias cinematográficas a parte (E o comentário mercadologicamente infeliz de Stallone sobre o Brasil, onde filmou, que se dane. Provavelmente alguém deve ter oferecido a ele um sagui por preço de banana como qualquer ambientalista sabe que é comum acontecer pelo país) o filme destila todos os preconceitos machistas, americanóides e militares já zoados tantas vezes, e certamente o filme não deve se levar a sério. É de bom tom lembrar que Stallone não é nenhum idiota (ele já foi indicado ao Oscar bem mais do que você supõe, e suas escolhas por um tipo de filme mais raso não tem nada de ingênuo. Pelo contrário, serviam a um objetivo político bem claro). Deve ser divertido, como sempre foram os filmes de pancadaria da época.<br /><br />Há uma nova onda classemédia/paga-pau-neoliberal/preconceituosa contra a esquerda no mundo. Desde a crise econômica mundial, que abalou a idéia de que o mundo ia bem, obrigado do jeito que estava, e do sucesso de países governados de modo não-alinhado com a idéia de capitalismo modelo americano (Os países do BRIC em especial)que ficou cada vez mais evidente um movimento de desqualificação dos princípios que escapem ao conservadorismo político à americana.<br /><br />Isso se reflete em gente que nunca pôs os pés em uma favela e acha que devemos explodir todas. Que acha que fome, desemprego e maus-tratos a crianças e animais acontece por que "aqueles outros, os pobres" são criaturas inferiores. São aquelas pessoas que querem criar leis que proíbam mendigos de ter cachorro, acabem com iniciativas de tirar gente da miséria absoluta às custas de impostos e que não votam em partidos verdes por que acham que verde e vermelho são cores muito parecidas entre si.<br /><br />Isso só reflete o básico: não existe mais esquerda ou direita. O principal partido da oposição ganhou votantes de direita tendo em seu próprio nome princípios de esquerda, mas rodou e rodou para cair no colo do partido que foi a situação na ditadura dos anos 70. O partido da situação ignora que seu nome deveria incluir trabalhadores que pagam imposto demais por serviços de menos e que seu maior aliado já nada mais tem da oposição que lutou por uma nova constituição e por diretas já nos 80.<br /><br />Stallone veio ao Brasil, explodiu tudo em uma ficção, disse que aqui oferecem um macaco e sorriem quando você faz isso e vai ganhar uma grana com as bilheterias daqui.<br /><br />Agora, nós devemos questionar por que no país dele terroristas explodem tudo de verdade, fizeram com que seus habitantes votassem em um homem das cavernas a mando de empresas privadas por dois mandatos consecutivos (e cujo sucessor está sendo crucificado por lutar contra estas mesmas empresas, vide o vazamento de petróleo no golfo do México) e mesmo com tudo isso ainda mandam a economia mundial pro inferno mesmo sem gastarem um tostão ajudando o próprio povo a terem saúde gratuita ou promovendo a recuperação financeira de quem precisa, mas torrando milhões para salvar bancos, montadoras e seguradoras.<br /><br />Quer saber? Se fosse o Chuck Norris, ele tinha sozinho destruído a ditadura, ganhado a mocinha, recriado a ordem econômica mundial, oferecido saúde gratuita e comida para o mundo todo, acabado com a devastação florestal e ainda dado um pau em um asteróide gigante cheio de aliens que estava em rota de colisão com a Terra.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-22017315925489538982010-06-26T14:10:00.007-03:002010-06-26T14:17:56.519-03:00Africa<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTKCt8oN_SmtykzKzFae6JNvrgeJzwF8RAzC1M-tdrJDBCt82mGQ9lUyQS0QJ9pPgmbWmYGmpyHs3ipsDuwGcA6qATACKTFNhJvOpJ5tEBS6-_B3WMe_zMIRYqKtindK6joOkdKw/s1600/plains_below_kilimanjaro_1280x1024.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 256px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTKCt8oN_SmtykzKzFae6JNvrgeJzwF8RAzC1M-tdrJDBCt82mGQ9lUyQS0QJ9pPgmbWmYGmpyHs3ipsDuwGcA6qATACKTFNhJvOpJ5tEBS6-_B3WMe_zMIRYqKtindK6joOkdKw/s320/plains_below_kilimanjaro_1280x1024.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5487132681018585234" /></a><br /><br />Toto<br /><br />I hear the drums echoing tonight<br />But she hears only whispers of some quiet conversation<br />She's coming in 12:30 flight<br />The moonlit wings reflect the stars that guide me towards salvation<br />I stopped an old man along the way<br />Hoping to find some long forgotten words or ancient melodies<br />He turned to me as if to say, "Hurry boy, it's waiting there for you"<br />(Chorus)<br />It's gonna take a lot to drag me away from you<br />There's nothing that a hundred men or more could ever do<br />I bless the rains down in Africa<br />Gonna take some time to do the things we never had<br />The wild dogs cry out in the night<br />As they grow restless longing for some solitary company<br />I know that I must do what's right<br />Sure as Kilimanjaro rises like Olympus above the Serengeti<br />I seek to cure what's deep inside, frightened of this thing that I've become<br />(Chorus)<br />Hurry boy, she's waiting there for you<br />It's gonna take a lot to drag me away from you<br />There's nothing that a hundred men or more could ever do<br />I bless the rains down in Africa, I bless the rains down in Africa<br />I bless the rains down in Africa, I bless the rains down in Africa<br />I bless the rains down in Africa<br />Gonna take some time to do the things we never hadRicardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-29871744401435438902010-05-27T23:39:00.004-03:002010-05-27T23:47:53.466-03:00Lembrar é viver.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRWnQ7Xw5eD3QJCEJpN2ytt8dQ8mGapQWOtmAy5spgvZ4ZY5pFwSPgA9HBmkUNKPhylH7nM09VfId4eKM4elQ5WtKUgHDBxolBM92-CvmtUiymcCGDQBiI_wnDCBVwzWwTs2MYSg/s1600/Clash+of+The+Titans.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRWnQ7Xw5eD3QJCEJpN2ytt8dQ8mGapQWOtmAy5spgvZ4ZY5pFwSPgA9HBmkUNKPhylH7nM09VfId4eKM4elQ5WtKUgHDBxolBM92-CvmtUiymcCGDQBiI_wnDCBVwzWwTs2MYSg/s320/Clash+of+The+Titans.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5476145195007517874" /></a><br /><br />Anteontem, perdi duas horas da minha vida assistindo a regravação de “Fúria de titãs”, mais um filme caríssimo cujo custo poderia ter alimentado a Somália por alguns dias e que não será lembrado nem mesmo no mês que vem.<br /><br />Para quem esteve fora da Terra nos últimos decênios, “Fúria de Titãs” é um clássico da sessão da tarde que mostra, com alguma liberdade poética para a mitologia, a saga de Perseu para conseguir a mais perigosa arma já imaginada, a cabeça da Medusa, a fim de evitar que a cidade de sua amada Andrômeda seja destruída pelo Kraken (no mito, é Cetus. Kraken é um nome de monstro do mar “emprestado” da mitologia viking. Imagino que como a palavra “Cetus” originou a moderna alcunha científica “Cetáceo” para o grupo das baleias e golfinhos ficava muito antipático chamar um monstro por esse nome hoje em dia).<br /><br />Perseu é um herói mítico perfeito no filme. Decidido, bonitão, ético, inteligente, consciente de sua responsabilidade e corajoso até o último fio de cabelo. O mito trata do desrespeito dos homens para com os Deuses, retratados com emoções e motivações bem humanas. Um elenco divino encabeçado por verdadeiras divindades do cinema: Zeus é interpretado por ninguém menos do que Sir Laurence Olivier. Hera, pela belíssima senhora do teatro Claire Bloom. Tétis, pela genial Maggie Smith e Afrodite por... Ursula Andress! Aos 44 anos, Ursula ainda era a atriz mais próxima de um ideal Afroditeano de beleza que vocês podem imaginar.<br /><br />O centro do filme é o fato de que um filho cruel e mimado (Calibos) pede a sua Mãe-Deusa que o vingue após ter sido humilhado por Perseu. Todo o conflito se desenrola disso. A cidade onde vive Andrômeda cairá pois Perseu, sendo protegido de Zeus, não pode ser diretamente atacado. Tem seus pepinos, como a coruja de metal encaixada acréscimo fofo, a presença do Pégaso vindo de outra lenda ou o visual esquisito do Kraken, mas em compensação tem detalhes maravilhosos como a homenagem ao teatro grego delicada e poderosamente feita pelo personagem de Burgess Meredith, o filósofo que ensina Perseu a pensar.<br /><br />O filme atual, que ainda por cima foi feito de forma convencional e depois foi transformado para a moda do 3D com resultados horríveis, muda toda a questão mítica subjacente. Os deuses (com minúscula) dependem das orações dos mortais para terem poder (o conceito de egrégora é manchado aqui com tintas primárias). Um deus invejoso, Hades, do poder de seu irmão Zeus manipula tudo para que os mortais temam a ele e assim ele fique poderoso o bastante para dominar o Olimpo. Detalhe? O diretor do filme se declarou fã do desenho “Cavaleiros do Zodíaco”! Olha só que credencial ele tem para falar de mitologia grega. Os deuses, de fato, parecem estar sempre vestidos com uma armadura comprada numa lojinha de 1,99. Nem mesmo as armaduras dos cavaleiros eram tão pouco imponentes.<br /><br />Hades virou vilão depois dos tais cavaleiros, do famigerado desenho “Hércules” que a Disney cometeu enquanto afundava e por que a cabeça cristã-maniqueísta quer que o Deus das profundezas e do reino dos mortos seja um equivalente ao Diabo.<br />O problema é que as pessoas não entendem que a divisão do reino dos céus, dos mares e do subsolo entre Zeus, Poseidon e Hades nunca foi ruim para nenhum deles, e que ser o Deus dos mortos não é uma desonra, nem Hades é um Deus adepto de abuso de poder divino (quesito no qual Zeus extrapola inúmeras vezes e nem por isso é demonizado). Aliás, Hades é um Deus apaixonado e fiel ao seu amor por Perséfone, como prova o fato de termos invernos todos os anos.<br /><br />O que fica no filme? A velha babaquice americana contra a opressão dos poderosos, da livre-iniciativa, do poder do indivíduo e por aí vai. Aqui, os mimados são recompensados! Perseu é um macaco treinado (o Sam Worthington vai ter que ralar para apagar esse papel do currículo) arrastado pelas situações. As cenas não tem conexão. Os ingredientes colocados lá só para dar alguma cor no filme não funcionam (o que são aqueles soldados xerocados de “300 de Esparta”, a presença de Io num mito que não tem nada a ver com ela, os tais Djins caídos de pára-quedas da mitologia árabe e que não fazem nada ou a dupla de caçadores?).<br /><br />E o pior: o monstro. Metade do filme é gasto para criar a expectativa de que o Kraken é a encarnação da destruição. Quando ele vai surgir, são horas até ele aparecer por inteiro. Se o filme antigo causa risos hoje com sua técnica de stop-motion (que ainda assim fez uma Medusa realmente apavorante e não aquela lambisgóia modernosa) pelo menos eles eram honestos com o monstro. O atual vai surgindo, primeiro tentáculos, depois pinças, cascas e então...! Uma tartaruga gigante dentuça! Eu quase morri de rir. O desenhista de produção devia ser enforcado por quem o pagou.<br /><br />Moral da história. Peguem o pirata para ver e morram de rir. Baixem pela internet, mas nunca, em hipótese alguma, dêem algum lucro pra quem fez aquele filme. E vão assistir o antigo, que acaba de sair em DVD em uma nova edição caprichada, que vocês devem comprar legalmente na sua loja preferida. Esse merece seu dinheiro.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-20810314930609461532010-04-27T23:01:00.007-03:002010-04-27T23:39:27.748-03:00Quem fica e quem vai.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOb0D9Ku7qiNmHAxqbR6tioB-rOPgcyFBjDnuIFbBHHTWzBobKQwfmoJzfZ7mABqcSFserH7cvHZu41WY-FrDhq_gdzaEvHHUrRcJVIZwo4F55zKrq4BgCHKFXQua2y7D-TM0UHg/s1600/quidor1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 251px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOb0D9Ku7qiNmHAxqbR6tioB-rOPgcyFBjDnuIFbBHHTWzBobKQwfmoJzfZ7mABqcSFserH7cvHZu41WY-FrDhq_gdzaEvHHUrRcJVIZwo4F55zKrq4BgCHKFXQua2y7D-TM0UHg/s320/quidor1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5465011332696925346" /></a><br /><br />Li recentemente duas coisas que são, de certo modo, opostas. Ambas tratam da velhice, da consciência da morte e da responsabilidade ante o mundo. <br />"Rip van Winkle" de Washington Irving, e "O retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde.<br />Escritas em lados opostos do Atlântico, a primeira fala do momento de revelação com as mudanças logo após a revolução americana, e a segunda, da melancólica dor da mortalidade de um império que começou a desmoronar com, justamente, a revolução americana.<br /><br />Van Winkle, para quem não sabe, vai um belo dia atirar em alguns esquilos (!) para desanuviar a cabeça das responsabilidades que sua esposa lhe impõe. Embora ela seja tratada como uma megera, hoje damos-lhe plena razão por desejar um marido que dedique tempo a sua família e ganha-pão como dedica-se a ajudar os outros. Sim, Van Winkle é bom, mas só para os outros.<br />Na montanha, topa com seres estranhos que o fazem beber até cair no sono... por vinte anos! Algumas interpretações indicam que seriam espíritos protetores da floresta ou da vila (com implicações interpretativas bem diferentes para cada caso). Ao acordar, Van Winkle descobre que sua esposa morreu, alguns de seus melhores amigos morreram em uma guerra terrível (onde sua Terra se tornou independente) e ele já é avô.<br /><br />Dorian Gray é um jovem dandy inglês que vende a alma para que um quadro envelheça por ele, permitindo-lhe viver jovem todos os delírios hedonistas que ele acha merecer. O retrato da rica nobreza-burguesia da Inglaterra vitoriana (diga-se, o objetivo do retrato de Dorian é ser um retrato de sua Terra) é simplesmente genial em suas agulhadas e exibição de defeitos. Não esquecendo que o próprio autor era o dandy absoluto de seu tempo.<br /><br />Um império perde sua maior colônia, que se torna um império ainda maior depois de um século e meio.<br />Rip Van Winkle não vê a mudança chegar, e saúda o rei da Inglaterra quando acorda de seu sono mágico. Os protetores da vila salvaram um homem bom da guerra para trazer algo altruísta do passado a um novo mundo? Ou os protetores da floresta puniram um homem que negligenciava sua própria família, devolvendo-o a um mundo completamente diferente daquele onde vivia privado dos melhores anos de sua juventude?<br />Dorian Gray se revela um monstro criado em tetas de um império agonizante, incapaz de ver a decadência que lhe seria natural se abrisse os olhos para si mesmo. Um retrato moderno dos decadentes nobres romanos, cegos de vinho, riqueza roubada e prazeres, para o mundo bárbaro que batia na sua porta.<br /><br />Situados em duas extremidades do século XIX, Van Winkle e Gray se odiariam instantâneamente caso se encontrassem. Tendo perdido a juventude, a inveja de Van Winkle acenderia o estopim, mas o menosprezo de Gray para com as pequenas coisas que fazem mais doloroso ainda para seu oponente ter perdido vinte anos de vida (perder o crescimento dos filhos, a fazenda onde trabalhava sua subsistência e os amigos de bate-papo) tornaria esse encontro algo memorável.<br /><br />Um lado meu torce por Gray. Outro, que a maioria das pessoas diz apoiar quando está imersa em sua rotina de trabalho duro pós-Éden, ajudaria Van Winkle a quebrar o jovem e seu retrato. No meio disso, subsisto com alguma força de vontade a cair em qualquer um dos lados.<br /><br />E no fundo, no fundo, sei que o mundo no qual Van Winkle precisa se adaptar dá certo e evolui, enquanto aquele agarrado com unhas e dentes por Gray já estava moribundo quando ele nasceu.<br /><br />Agora saiam da frente do computador e vão ler um bom livro. Ou dois. Nunca se sabe quando eles vão exibir semelhanças e diferenças incríveis entre si.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-19009362749603166282010-02-17T21:10:00.009-02:002010-02-17T22:27:46.978-02:00Cantoras em ternos de 3 botõesAcabou o carnaval e para todos os lados só se falava de desfiles e suas passistas, de Paris Hilton sendo carregada bêbada, de Madonna e seu chaveiro brasileiro assistindo sambistas sérios obrigados a darem showzinho particular a ela e do clipe de Alicia Keys gravado em Salvador onde Beyoncé se vestiu de brasileira-clichê-de-cartaz-de-turismo-sexual.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCinGf7yvsTTMa2m1c77g0uggQdjQAh1p_DCOA26U09zFk3sJexoHM7vB0Lae9nuD2DS8oQMr9u78AqmeOps_AJvMRHUx1PEyLGLZopMLSYvkGKM55ZsJjNnrpZvyz1Y5KErKJ8A/s1600-h/loreal.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 236px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCinGf7yvsTTMa2m1c77g0uggQdjQAh1p_DCOA26U09zFk3sJexoHM7vB0Lae9nuD2DS8oQMr9u78AqmeOps_AJvMRHUx1PEyLGLZopMLSYvkGKM55ZsJjNnrpZvyz1Y5KErKJ8A/s320/loreal.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439372487598293666" /></a> Embranquecida?<br /><br />E é dessa última pessoa que vou falar aqui. Sim, admito, a Beyoncé é uma cantora competente, uma dançarina exemplar, uma musa pop indiscutível e tem uma carreira sólida e acima da média da mediocridade geral. Não que isso signifique alguma coisa em um mundo onde existe Avril Lavigne ou Justin Timberlake.<br /><br />A questão está toda aí. Beyoncé é, em última instância, a musa pop dos sonhos mais conservadores e caretas do mundo. Não que eu exija dela ser uma Wendy O. Williams, mas ela é comportada demais, careta demais, sem sal demais.<br /><br />Quem é Wendy O. Williams? Ó destreinado no mundo do punk rock, a senhorita Williams é a vocalista que se suicidou da icônica banda Plasmatics, ex-atriz pornô, a mais nua das mulheres a pisarem para cantar em um palco e nos seus últimos anos militante dos direitos dos animais e do vegetarianismo Straight edge. Os motivos de seu suicídio são pouco claros, mas ela era o extremo oposto da atual rainha do pop. Confira: http://www.youtube.com/watch?v=Q2eynNh5xHM<br /><br />Beyoncé não tem a mínima obrigação de ser politicamente correta? É completamente alienada em termos de economia e política mundial, como demonstrado no episódio recente onde ganhou para fazer um showzinho particular pago pelo bolso de milhares e milhares de súditos do ditador Muammar Gaddafi da Líbia. Igualzinho ao que Elis Regina fez quando cantou "O bêbado e o equilibrista", provocando a ira de toda uma casta de velhos militares de um governo nada democrático tupiniquim, sabia? http://www.youtube.com/watch?v=6kVBqefGcf4<br /><br />Adoro técnica vocal, amo trabalho bem feito. Mas até mesmo em palco Beyoncé parece técnica demais, perfeita demais. O uso de playback poupa o artista e torna tudo mecânico, é certo. A espontaneidade de uma avalanche de gelo de um show dela a torna um maravilhoso produto plástico, idêntico ao estilo de Janis Joplin em uma de suas raras composições, "Mercedes Benz" ( http://www.youtube.com/watch?v=i-4AheUl6ls ) e sua música de "social e poética importância", em suas próprias palavras, cantada com emoção indescritível, técnica péssima e suando às bicas gritando contra o excesso de consumismo.<br /><br />Não tem a mínima obrigação de ser polêmica. Seu hit absoluto, "Single ladies", tem o horrendo subtítulo "ponha um anel nela", levando-nos a um monstruoso passado recente onde mulheres só tinham algum valor após se casarem (sem contar a coreografia pobre e vergonhosa que deve fazer a coreógrafa e cantora Paula Abdul se esconder debaixo da cama). Madonna lutou para libertar a reprimida sexualidade feminina por tanto tempo para agora o pop ter uma rainha defendendo o mesmo que minhas tias-avós?<br /><br />Beyoncé, ao contrário do que foi dito por aí, NÃO quebrou o pau com a empresa de cosméticos que branqueou a foto dela usada em uma propaganda pois sua cor negra não combinava com o produto e com a imagem da fábrica.<br />Igualzinho a Billie Holiday, a menina que se tornou a Deusa do Jazz após ter lutado por anos com uma infância miserável, uma adolescência de prostituta e uma rotina de drogas e mais drogas para se manter acordada para os shows intermináveis exigidos para manter um padrão mínimo de vida (negra, pobre e ex-prostituta não ganhava muito, apesar de sua fama). Billie arriscou toda a sua carreira cantando a canção escrita por um judeu sobre "Strange fruits" nas árvores da Louisiana (os corpos dos negros enforcados pelos brancos sem julgamento, ou mesmo motivo em muitos casos). Confira COM CUIDADO, as cenas são assustadoras: http://www.youtube.com/watch?v=lGNIX4qa38E<br /><br />Em suma, Beyoncé é uma agente da norma, rebelde como uma camisa pólo, cantando em prol da caretice e da falta de ousadia para encarar um mundo cheio de velhas respostas para novos problemas. Não fala mal de ninguém, não admite erros no sonho americano ou no sistema sócio-político-econômico-emocional-ambiental do planeta.<br /> <a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXMtVQN6WFCNsLqcEDRXllvjau1OsmeIQXzpMzVbhoi9jG24eyWNnm4eT9AXP0EnP8UzWe0qcEdEODBB-murNNbv7JpNrfJw2I1UAYl1dGEdHNKB1libvidxG_8eLD4LIvwflTkg/s1600-h/chrissie.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 149px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXMtVQN6WFCNsLqcEDRXllvjau1OsmeIQXzpMzVbhoi9jG24eyWNnm4eT9AXP0EnP8UzWe0qcEdEODBB-murNNbv7JpNrfJw2I1UAYl1dGEdHNKB1libvidxG_8eLD4LIvwflTkg/s200/chrissie.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439371369141641138" /></a><br />Ambiental? É, ela usa casacos de pele. Para quem nunca viu como um casaco de pele é feito, pode perguntar a outra grande cantora, Chrissie Hynde, dos Pretenders, que até presa já foi enquanto protestava junto às maiores ONGs de defesa do ambiente.<br /><br />Estamos mal de musas pop...Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-37567727671484423372010-02-07T14:27:00.008-02:002010-02-07T15:43:06.058-02:00Retratai-vos.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiqcYBwW-pGuCe0K6fR3tWZ8VnT5-55LTMuOdVHOdZ0gf0SQ2ibAk2NymUKHpFcEzj3KCyt9EwNqcHiJzbwYFl0odWsE1B7CehsE45iJcLr-11U2zZMpOqM3oNeCtUiwwESibYZA/s1600-h/frank_frazetta_cornered.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 150px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiqcYBwW-pGuCe0K6fR3tWZ8VnT5-55LTMuOdVHOdZ0gf0SQ2ibAk2NymUKHpFcEzj3KCyt9EwNqcHiJzbwYFl0odWsE1B7CehsE45iJcLr-11U2zZMpOqM3oNeCtUiwwESibYZA/s200/frank_frazetta_cornered.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435555766706365618" /></a><br />Frazetta: músculos, sexo, monstros, mais músculos no monstro, curvas, mais músculos nas curvas, e toda a potência de um jumbo em uma só cena.<br /><br />Entre os muçulmanos, existe uma lei religiosa que impede a retratação gráfica de seres humanos (em algumas alas mais radicais, não só humanos). A idéia essencial é de que a criação é exclusividade de Deus e portanto é pretensão humana achar que podemos retratar aquilo que é considerado o ápice da obra divina.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAnupu93s1Sy9DY2tgJlFQzoKbclN3J6Zl-CzTQbFDpruvYB0hUYkkmw5VgKcHes3iWDEBhybCXOWiS2zGeAlhGUDrinKGMWsthwC0CDPisvfLaF5oXsKAE6U0QYgLeQIix7vnlw/s1600-h/thor-beta-full.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 166px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAnupu93s1Sy9DY2tgJlFQzoKbclN3J6Zl-CzTQbFDpruvYB0hUYkkmw5VgKcHes3iWDEBhybCXOWiS2zGeAlhGUDrinKGMWsthwC0CDPisvfLaF5oXsKAE6U0QYgLeQIix7vnlw/s200/thor-beta-full.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435555030403363234" /></a><br />Thor, ou "como Walt Simonson retrata a ação de um Deus contra monstros".<br /><br />Isso nos deu os maravilhosos afrescos, texturas, arquitetura e arabescos do mundo islâmico, mas em compensação tolheu os artistas muçulmanos de criarem as histórias em quadrinhos, os equivalentes africanos e árabes dos retratos renascentistas e muitas outras formas de representação em escultura, desenho e por aí vai.<br /><br />A arte em geral é reconhecida como o poder da expressão do mundo interno da criatura senciente e auto-consciente. Dentre as artes clássicas, reconheciam-se seis artes:<br />1ª, a Música, 2ª a Dança, 3ª a Pintura, 4ª a Escultura, 5ª o Teatro e 6ª a Literatura. Posteriormente, o cinema se tornou a 7ª.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPIsn7lPqF3voKGnSiL8lIzOl0UueO6LfnXUXvEDVrsfI0ZBD5TIlOwM_C-Q6Dt1DYSRljwG6KwnDVd-UXaLrgQfEX85G75mVKEfMLQ6bYbQ3ebUCYNtUmBIurUZAhr7vLaGvqIQ/s1600-h/carmine+infantino+THE+FLASH.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 166px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPIsn7lPqF3voKGnSiL8lIzOl0UueO6LfnXUXvEDVrsfI0ZBD5TIlOwM_C-Q6Dt1DYSRljwG6KwnDVd-UXaLrgQfEX85G75mVKEfMLQ6bYbQ3ebUCYNtUmBIurUZAhr7vLaGvqIQ/s200/carmine+infantino+THE+FLASH.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435555400846592850" /></a><br />Carmine Infantino: o mestre da velocidade em um papel estático.<br /><br />Outras artes foram sendo agregadas desde o século 19, embora só o cinema tenha desfrutado de um posto cativo na lista. Ninguém discute que a fotografia é uma arte, mas seu posto de 8ª arte é posto como algo forçado por muitos críticos (dos quais discordo), assim como outras formas expressivas típicas da modernidade. Parece aquela criança birrenta tentando ganhar um lugar na mesa dos adultos. Os quadrinhos seriam a 9ª arte, e são mesmo uma expressão única. Os Videogames (ahahahah) a 10ª e a arte digital (photoshopar capa da play-boi vale?) disputaria o 11ª posto.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8_kt6JjCR-dY5GiGQKyy6JBrvH0eU1ffley-BDx9FV21Yos1_iMbaNmbzbFkW5_DGNz_3B5qM7aOsVWrAzMNyYio8_EP4KERCKeLgm_P3kmvlGg6UhBT_Cb9KWZzULZKHX8N49w/s1600-h/shimamoto.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 154px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8_kt6JjCR-dY5GiGQKyy6JBrvH0eU1ffley-BDx9FV21Yos1_iMbaNmbzbFkW5_DGNz_3B5qM7aOsVWrAzMNyYio8_EP4KERCKeLgm_P3kmvlGg6UhBT_Cb9KWZzULZKHX8N49w/s200/shimamoto.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435556421856117394" /></a><br />Shimamoto, o mestre do PB Brasileiro. Medo!<br /><br />Não se discute o papel de cada representação destas, mas abrir demais o leque além destas 11 fica difícil. O videogame é altamente discutível, diga-se de passagem, dado que não se cria videogame sem pretensão de lucro e sem todo um esquema empresarial por trás dele. A videoinstalação, audioinstalação, cinestesioinstalação não são capítulos à parte nisso tudo? A arte não é inerentemente inútil, como dizia Oscar Wilde?<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigiulnBibwuql7iGHscyr8HR6HmPRqXYo1mwpBLCkPxJn-P-_DKy-8G-cbthi_ycse69M7t_PEiLbukNzzCaSY-wPyadmlalsPNb3LoenAc-4hqTtF-L1J09NR3-zAeYX4GEr4AQ/s1600-h/raio+negro+velta+cap+7.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 146px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigiulnBibwuql7iGHscyr8HR6HmPRqXYo1mwpBLCkPxJn-P-_DKy-8G-cbthi_ycse69M7t_PEiLbukNzzCaSY-wPyadmlalsPNb3LoenAc-4hqTtF-L1J09NR3-zAeYX4GEr4AQ/s200/raio+negro+velta+cap+7.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435558017430046642" /></a><br />O Brasil tem seus supers. Raio Negro, Capitão 7 e Velta.<br /><br />Tudo isso para dizer: amo quadrinhos. A representação humana nos quadrinhos é algo que extrapola o realismo, finca as bases de uma nova forma de retrato mítico da saga do herói, do poder imensurável, do mal em sua mais monstruosa roupagem, tudo isso junto! Os quadrinhos (mais uma coisa desconhecida) nasceram no Brasil na sua forma hoje conhecida, descendentes diretos das charges do século XVIII, mas apenas após jornais americanos publicarem tiras no formato se tornaram conhecidos do grande público mundial.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBbpYCDbwI98OxxGWZq5KQmBftGhPdfPO8NGfkD1MA3xPkv-piIdQ5RxrH5RO7JR0I3K-nVKsy-em0PQhj1dHfoizcPXktg7SBAf1tt_WPEHrm9NAaXOBkAD4dboeTOZ-OXGd9Dw/s1600-h/by+p%C3%A9rez.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 154px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBbpYCDbwI98OxxGWZq5KQmBftGhPdfPO8NGfkD1MA3xPkv-piIdQ5RxrH5RO7JR0I3K-nVKsy-em0PQhj1dHfoizcPXktg7SBAf1tt_WPEHrm9NAaXOBkAD4dboeTOZ-OXGd9Dw/s200/by+p%C3%A9rez.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435557005237987474" /></a><br />Desafio-te a encontrar um rosto igual a outro em um desenho de George Perez.<br /><br />Não dá para imaginar como os antigos gregos imaginavam seus heróis míticos sem pensar que de alguma forma eles tinham em suas imaginações o poder de retratação que vemos hoje nos quadrinhos. Afirma sem pestanejar que a tecnologia de efeitos especiais evoluiu por pura inveja do poder dos quadrinhos de representarem o absolutamente irreal, e não é coincidência que o lucrativíssimo ramo do cinema de super-heróis ganhou espaço quando Matrix detonou os limites do que pode ou não ser mostrado em uma tela.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDx4jY_9ipix8TQscmnY7jcDHwM0EdFihyQUcVia7U4Yj2X8AcQaJc9dr2BGkdljCwSa57305pwrV0cVA8gHq_x1XdcQV2LP-npg41uMdDvB3GJ-QATdkAaP_LUlBcXkxoD594YQ/s1600-h/DKR.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 178px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDx4jY_9ipix8TQscmnY7jcDHwM0EdFihyQUcVia7U4Yj2X8AcQaJc9dr2BGkdljCwSa57305pwrV0cVA8gHq_x1XdcQV2LP-npg41uMdDvB3GJ-QATdkAaP_LUlBcXkxoD594YQ/s200/DKR.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435557543104813170" /></a><br />Frank Miller em sua melhor história, mas antes dos delírios gráficos belíssimos de Sin City.<br /><br />Portanto, senhora mãe, senhor pai, quando seus filhotes estiverem com uma revista do Wolverine nas mãos, não o censure, não o mande fazer redação. Dê para ele o "Eu sou Wolverine", de Frank Miller e Chris Claremont, e digam que se ele quer ler o velho carcaju, é com aquilo que ele deve começar. Pois daquilo lá para encarar "Shogun", Jack London e Ernest Hemingway é um pulo.<br /><br />Quando seu filho perguntar o que é um morro carioca, deixe-o ler o Zé carioca do Renato Canini (abaixo). É mil vezes mais saudável do que assistir qualquer filmeco favela-gangue-pobre-e-preto-se-matando tão ao gosto da classe média conservadora do país.<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBdg7EMHLeJQyFyJo1xDbfLkfZanHflmFvgTOjv4d1cYBM9f2SDG4On5UaG3Tswfvbhb7mzp2s6AvzlsNVyjzxF9fjSQKOzPRZ3DsIL-dpkHrP_27nX51hvVVyGpXe2fyjZCjutQ/s1600-h/renato+canini.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 158px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBdg7EMHLeJQyFyJo1xDbfLkfZanHflmFvgTOjv4d1cYBM9f2SDG4On5UaG3Tswfvbhb7mzp2s6AvzlsNVyjzxF9fjSQKOzPRZ3DsIL-dpkHrP_27nX51hvVVyGpXe2fyjZCjutQ/s200/renato+canini.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435556736742885810" /></a><br /><br />E quando ele começar a te perguntar se você tem um CD com a abertura 1812 do Tchaikovski, pode acreditar. É culpa de "V de vingança".Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-21072185.post-69666048496220159262010-01-02T19:46:00.006-02:002010-01-03T21:24:49.582-02:00Sci-Fi!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVaWBNCxpfb7fDD0GHJu4hnpq31ehJHMMFTpIDbo-vQFi9icIXUBgKUmLfNT78WZ14moNsTJKUsBWAPr_9l2YlnvH8Q4bXOENSz9F8uBeiAOGDrXrQNFi6_vcgblBAi9fibkavcQ/s1600-h/2010.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 214px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVaWBNCxpfb7fDD0GHJu4hnpq31ehJHMMFTpIDbo-vQFi9icIXUBgKUmLfNT78WZ14moNsTJKUsBWAPr_9l2YlnvH8Q4bXOENSz9F8uBeiAOGDrXrQNFi6_vcgblBAi9fibkavcQ/s320/2010.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5422270232958611522" /></a><br /><br />Arthur C. Clarke profetizou que em 2010 seria especialmente relevante para a humanidade. As duas superpotências, União Soviética e Estados Unidos, uniriam forças para investigar no espaço os estranhos fatos alienígenas passados na história anterior, a muito mais famosa "2001 - uma odisséia no espaço".<br />Quaaaaaá há há há há há!!!<br />No cinema, o segundo livro não foi usado para criar o roteiro do segundo filme. O filme "2010 - o ano em que faremos contato" só usa o ano do título literário. E agora que chegamos a 2010 nem podemos pensar que o finado Clarke é o culpado por esse futuro sem graça que está diante de nós. Ele mal viu 2001 decepcioná-lo!<br /><br />É o seguinte: me enchi de futurico. Quero teleporte, viagens espaciais baratas, fusão atômica produtiva, um aeromóvel pessoal, visão de raio-X (controlável, pois não quero ficar como o protagonista do filme "O homem com visão de raio-x", que surta quando enxerga absolutamente toda a verdade do universo), download de aulas de língua e kung-fu direto no cérebro, robôs como a Rosie dos Jetsons, cubos concentradores de matéria, governo planetário unificado, utopia educativa, clonagem de dinossauro/dodô/lobo-da-tasmânia/pomba-migratória americana e cia, e claro, a Enterprise! Já estamos em um bom caminho: a África do Sul vai ter uma copa do mundo e não existe mais o Apartheid oficial lá. Clarke nem pensou nisso quando escreveu o livro...<br /><br />Do futuro distópico já estou cheio. Estamos perto demais de "1984", "Admirável mundo novo", "O homem duplo", "Mad Max" e por aí vai.<br /><br />Ao fim do ano de 2009 eu estava cheio de coisas a falar sobre como foi esse ano terrível que acabou com final feliz, mas quer saber de uma coisa? Não tou a fim de retrospectiva. Que venha o novo! Que venha o futuro! Em alguma outra ocasião, talvez eu fale de uma ou outra coisinha relevante do ano passado, mas será do mesmo modo como relembramos da revolução francesa: como história.<br /><br />2010 pode não ser o ano em que entraremos em contato com uma espécie alienígena, mas torça para entrarmos em contato com a raça humana. Ela está escondida em algum lugar por aí na Terra, debaixo desses monstros tecnocratas incivilizados, destes alienados espaciais e interioranos, dos reacionários preconceituosos marcianos. A humanidade é a espécie nova a ser descoberta por todos nós nesse futuro que começou hoje.<br /><br />E Vaos torcer para o Brasil não cair de novo naquele tempo de idade média em que a década começou.Ricardo Avarihttp://www.blogger.com/profile/09249232190267827482noreply@blogger.com3