5.11.09

De quando Ulisses retorna a Ítaca.

Hoje é 5 de novembro.
Hoje terminou o ciclo dos piores 365 dias que já vivi na minha vida no que se refere ao que acredito, que luto, que faço para viver.
Hoje terminou a dor, a vontade de morrer que se abatia na cama, o ódio e seu poder imenso, horripilante e inescapável como as Fúrias mitológicas.
Eu devia ter tomado comprimidos iguais aos da Doida, a macaco-prego fêmea alucinada, e tido doces viagens serotoníticas para longe das pessoas e suas mediocridades?

Não consegui, durante todo este ano, falar sobre o tamanho da dor. Sobre como isso me transformou em algo muito pior do que eu era. De como tem chão para ser percorrido para que eu recupere o tanto perdido, o tempo gasto, a pele perca as rugas e o sono volte ao normal.

Mas agora acabou.

Para quem estava do meu lado, acredite: vocês não viram nada. Ninguém soube de mais do que uma parcela reduzida da sensação. Eu sou um ator, não esqueçam. E este ano foi aquele no qual mais atuei. Era isso ou ter que suportar os outros sofrendo comigo, por mim, incapazes de solucionar os problemas.

Sabe quantas maneiras diferentes existem de... não, melhor não falar. Há quem vá usar contra alguém.

Meditem, pessoas. E pensem na benção da ignorância. Por vezes ela vale a pena. Hoje deixo aqui o que resta de terrível desse ano. E saúdo o búfalo por ter enfrentado o rato e o transformado em patê.

A partir de amanhã, os posts voltam ao lado feliz do mundo.