13.12.08

60 anos de civilização.

Anteontem comemoramos os 60 anos da declaração universal dos direitos do homem.

Um documento supranacional, motivado pelos horrores do último evento herdeiro da barbárie colonialista e, em última instância, inaugurador de uma nova era da história da humanidade: a segunda guerra mundial.
Nenhuma apologia ao imenso trabalho de elevação do mal absoluto feito durante guerra, mas, não fosse essa, talvez estivéssemos jogando bombas atômicas (que demorariam um tanto a mais para aparecerem) nas cabeças uns dos outros com maior frequência.

Acabada a guerra, as nações entenderam que, se continuássemos no mesmo rumo uma era de destruição sem precedentes começaria. Uma disputa política imensa rachando o planeta entre duas potências militares, duas guerras ditas mundiais, uma nova geração de armas e exércitos e uma última onda de independência entre as antigas colônias que certamente derramariam muito, mas muito sangue eram o cenário a ser enfrentado a partir de 1945.

Em 10 de dezembro de 1948, a recém criada ONU emitiu a declaração. Desde então, toda constituição democrática, toda religião, toda cultura ganharam um documento norteador. Nada, mas nada mesmo, foi criado em 10000 anos de civilização que ganhasse da declaração dos direitos do homem em termos de ultrapassar a barreira da lei do mais forte.

Muitos dizem que hoje as culturas perdem características milenares com o contato com o ocidente. Se contato com o ocidente significa aceitar os direitos do homem, eu acho ótimo! Se algum dia o mundo abolir a extirpação clitoriana feminina de culturas milenares, isso se deverá a um consenso mundial de que todos merecem ser tratados como gente, e não como produtos. Se os genocídios aficanos do anos 1990 causaram indignação é por que ocorreram depois de 1948, quando absolutamente ninguém, NINGUÉM no mundo político se sentiria no dever de expressar seu ultraje.

A declaração dos direitos do homem, se costuma ser deturpada para defender quem não merece ser defendido e está antiquada por não ter incluso o direito a um ambiente equilibrado para as futuras gerações, tem o mérito de ter conseguido adiantar a história da civilização (adiantou demais até, pois afinal 60 anos após criada ela está longe de expressar a ética da maioria da humanidade), e se tornou o instrumento mais poderoso para determinar a forma pela qual os governos e mesmo os indivíduos de todo o mundo deveriam agir. Se coloca acima de pragmatismos, de princípios morais e espirituais, de hábitos e de conceitos filosóficos.

Já foi dito que, se cada um seguisse os princípios da própria religião, o mundo teria paz. E se todos assimilassem os conceitos da declaração dos direitos do homem, o mundo não apenas teria paz, mas também estaria a um passo da felicidade.

Palmas a todos os mortos na guerra impulsionadora deste documento, pois mais do que salvar vidas, evitar a dominação territorial da Europa e evitar o triunfo de uma política baseada na lei do mais forte, eles foram os mártires que inspiraram a criação do primeiro documento no caminho da civilidade.

Civilização é quando a lei do mais forte não é aquilo que guia a vida das pessoas, mas o direito. E após 10000 anos de escrita, agricultura e fim do nomadismo, só há 60 anos podemos começar a chegar no que pode se chamar de humanidade.



Para quem nunca leu, vá conhecer:
http://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php

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