9.6.08

Raquel, Oriel, Miguel, Daniel, Gabriel, Rafael...



Minha vida é cheia de anjos. Aliás, se for para ir nesta direção, praticamente todo povo de origem católica entope de anjos os cartórios, quase com tanta lotação quanto coloca santos em certidões de nascimento.

Mas a minha especialmente é cheia deles. Não é sempre que encontro um, mas achar um anjo é um acontecimento. Achar o nome do seu anjo particular demanda um certo conhecimento de hebreu, mas acontece. Mas identificar os anjos do dia a dia é deveras mais difícil.

Recentemente li uma sobre quantas pessoas o executivo precisa presentear no natal. O fulano vive de bajular a secretária do chefe, o manobrista, a tia do café, e por aí vai, pois são eles que realmente tocam a carreira dele para a frente, indiretamente. É mais ou menos esta a ação do anjo. Mas quando anjos tocam nossa vida para o novo patamar, usam de mais modos de agir que simplesmente achar o cara simpático e dar a chance a ele de ter sua reunião com o chefe.

Todas as culturas crêem em espíritos guardiões. A maioria delas crê, xamãnicamente, em espírito animais, os totens, que facilitam nossa existência. Os orientais possuem o conceito do "Eu-maior", como se (simplificando o conceito) nossa proteção e aconselhamento divino viessem de nós mesmos no futuro evolutivo do espírito. Hermes tem asas nos pés, e é o mensageiro dos Deuses, embora seja um Deus por si só. Anjos ganham a missão de mensageiros também, e as asas nos espíritos protetores das grandes religiões monoteístas não são apenas apra designar sua proximidade com o céu.

Velocidade é útil a um anjo. Ter asas é uma coisa animalesca, mas invejável. O anjo católico é um pouco totem, também.

Cupido é a imagem pagã romana transferida para os anjos. Cupido é o Amor de sua mãe, Afrodite, em termos práticos. E o amor de uma entidade superior para cuidar de um simples mortal só poderia ganhar a cara de Cupido.

Mas anjos são durões também. Na bíblia, trucidam milhares. Animais totens são feras quando alguém tenta intervir no espírito errante do xamã. As valquírias são guerreiras, e ai daquele que tentar desonrar um guerreiro vencido. E as Fingja-hamingja celtas protegem cada membro de linhagens familiares ou de grupos de afinidades diversas.

O pensamento de um ente além-mundo protetor é confortante, mas psicologicamente é apenas um equivalente de crença à sensação infantil de ter a mãe sempre a um grito de distância.

Porém, posso contar uma coisa.
Naqueles momentos de dúvida, onde pensamos onde amarramos nosso jegue, como se usa o botão de "reset" do coração, por que algumas coisas são como são, e por aí vai, a gente saca daquela oração de criança na beira da cama e pede para o "anjo da guarda" uma sugestão.

E de vez em quando, a sugestão é trazer um anjo na nossa vida.

Um comentário:

Mary Joe disse...

Ri, penso meio que diferente de vc, em relação ao ter anjos como a mãe à distância de um grito. Na verdade, a melhor tradução para a forma como enxergo os anjos é como os daemons da bússola de ouro. Algo de nossa alma que se comunica com a gente, e nos ama incondicionalmente. Muito embora, brigue e discorde as vezes.
Mas seu texto como sempre, ficou muito bom.
Beijo carinhoso
Mary